segunda-feira, 29 de novembro de 2021

O Inferno da Nossa Destemperança – Um Conto / Uma Fatia de Autobiografia

 a)- O Inferno da Nossa Destemperança – Um Conto 

Anos 80



O que fazer quando a vontade de estar o máximo de momentos possíveis junto a quem se quer muito se sobrepõe inclusive aos receios de firmar um compromisso perante todos e dispõe o espírito a aceitar o jogo, quaisquer que sejam as regras impostas, independentemente das cartas marcadas e dos inevitáveis blefes dos contendores eternamente à espreita do menor deslize? Paulo e Sandra, a despeito de toda reserva que faziam à empreitada do casamento, sociedade que era encarada, sarcasticamente, pelos colegas mais chegados do curso de Comunicação e por eles mesmos, até há pouco tempo, como uma “roubada”, resolveram enfim atender aos desejos terminantemente expressos pelos pais dela, para evitar quaisquer dissabores que perturbassem a comunhão pretendida e optaram por comunicar a todos que se submeteriam aos menores detalhes do ancestral ritual, seja religioso ou civil. Se este era o preço que pagariam por se desejarem, por ansiarem em ter um espaço só deles, sem pragas e maldições lançadas pelos familiares mais conservadores, não lhes importava. Enfrentariam tudo, estoicamente, retendo o riso interior nos momentos convencionalmente sublimes e por fim, o que era mais importante, estariam livres para se curtirem bastante, procurando a máxima distância do ramerrão cotidiano das alegrias catalogadas.




( O título do conto se inspira no deste livro, que muito me impressionou. Aqui quis deixar isto bem claro. Como faz Almodóvar, eu não homenageio, eu roubo mesmo...)-Nelson 


A enamorada dupla ansiava por contar tudo a todos no dia seguinte. A madrugada ultrapassava os seus limites, o sol logo abençoaria uma manhã rediviva e naquele apartamento de Heitor, o pai de Paulo, ainda havia um pormenor que o jovem noivo pretendia ver esclarecido o mais rápido possível para poder enfim presentear o espírito com as expectativas especiais e unicamente ternas, doces. As palavras na boca de Paulo de início soaram frouxas, temerosas, para depois recuperarem-se e se imporem com decisiva argúcia:


- Eu acredito que você mesma já teve a maior vontade de me perguntar mais detalhadamente, mas teve pudor ou o receio de que eu pudesse ficar magoado com as suas suspeitas...

De fato, mais de uma vez Paulo sentira nas impressões, no contorcionismo, nos trêmulos esgares do rosto vívido de Sandra a ânsia de saciar uma curiosidade que a espicaçava, mas ao mesmo tempo fazia-lhe assomar um presságio de que este era um momento perigoso que poderia mexer com os planos que estavam em fase de maturação. Sandra quase pediu ao noivo que se calasse. Dentro de si, a certeza de que o queria, de que o resto não merecia a menor importância, aliada ao medo de receber uma ducha-fria na alegria que lhe contagiava com a eminente união eram o suficiente fortes para que quase gritasse: “Silêncio, por favor. Escutemos apenas nossos corações. Como pulsam os danados!”

Paulo estava tão afoito por desvencilhar-se logo das inquietações que ruminava, que, insensível aos apelos inconfessáveis da noiva, fez questão de dar cabo ao que se tornava imprescindível dizer:

- Eu sei que você se pergunta o que papai está fazendo neste determinado instante. Qual o grau de afetividade que o liga a Robledo. O que fazem os dois neste momento para de modo camarada nos deixar livres neste quarto para traçarmos os nossos planos. A resposta eu sei que você já a tem, oculta, envergonhada, mas acho que nós não temos nada que nos vexar e podemos até gritar em som mais do que audível: Sim, papai e Robledo são amantes como nós, vivem há muito tempo juntos como nós gostaríamos de viver e daí? Que eles nos ensinem como viver durante tanto tempo juntos em harmonia, como conservar essa chama que agora nos envolve e acaricia.

Sandra abraçou o noivo com garra e sussurrou-lhe ao ouvido, alentadora resposta:

- Seu bobo, se você me sentiu preocupada com este assunto, incapaz de encará-lo de frente, você sabe muito bem que isto não é por mim, é por minha família que marca pressão sobre a gente até nos mínimos detalhes do casamento. Eles seriam incapazes de compreender-nos se fossemos viver juntos simplesmente, quanto mais uma relação como a de seus pais. Isto é, de seu pai.

Paulo aproveitou o ato da noiva para trazer à tona, minúcias de maior importância:

- Não. Você disse certo da primeira vez. Eles são meus pais sim. Eu fui criado por eles. Devo muito de minha educação aos dois. Eu não consigo distinguir de quem foram os maiores esforços, os mais arrebatadores sacrifícios. Às vezes penso até que Robledo foi mais atencioso, carinhoso comigo, me fez enxergar as coisas melhor com a sua exuberância ao comentar os fatos, mas depois eu me sinto injusto. A papai não coube apenas a função sexual de pai: “a doação de sêmen”. A ele coube muito mais.

Agora o clima criado era propício a que Sandra saciasse qualquer curiosidade:

- Você já me contou como sua mãe afastou-se de seu pai. Mas você relatou-me tudo muito por cima, nervoso, com pressa. Eu não insisti porque senti que essa história o magoava.

- Minha mãe foi dessas namoradas que meu pai teve quando ainda ensaiava os primeiros passos na vida sexual. Ela gostou muito dele. Meu pai logo abriu o jogo com ela. Tinha-lhe muita ternura, mas seu interesse por ela era restrito. Mesmo assim, como meu pai era fascinado pela ideia de ter um filho, eu nasci. Eles ingenuamente acreditaram que eu fosse um elo suficientemente forte para manter aquela corrente, mas a ligação não foi muito adiante. Ao mesmo tempo em que papai conhecia Robledo, minha mãe enamorou-se de outro homem. Esse novo caso de minha mãe queria os seus próprios filhos, não estava disposto a criar vida afora alguém que não fosse do seu próprio sangue. Já lhe era difícil suportar a ideia de uma mulher “não intacta” e papai e minha mãe então decidiram que o melhor para mim era ser criado por papai mesmo. Junto com Robledo ele havia iniciado com sucesso a implementação de uma gráfica, um trabalho que se não possibilitou a arrecadação de uma grande fortuna, pelo menos nos permitiu que vivêssemos decentemente até agora. Sabe, se seu pai não nos tivesse arrumado esse trabalho na rádio onde ele é diretor, eu iria trabalhar era nas rotativas da gráfica!





O encantamento com Paulo arrefeceu um pouco. A ideia de ver o noivo metido nos labirintos da impressão gráfica não lhe agradava. Gostava muito do trabalho jornalístico que o pai lhes arrumara na rádio: selecionar acontecimentos importantes e se atrever a alguns comentários lhe parecia atividade infinitamente mais criativa, instigante.

Já que aquela era uma noite em que todas as hipóteses, todos os pontos deveriam ser levantados, Sandra não se furtou a fazer uma comprometedora pergunta que lhe fez até esquecer que gostaria de saber também por onde andava a mãe de Paulo atualmente:

- Paulo, você nunca se sentiu atraído por um homem?

Paulo titubeou, assustou-se com a pergunta à queima-roupa. Cansado e trêmulo, procurou esclarecer a sua posição:

- Tem uma fase na vida da gente que queremos experimentar de tudo. Sabe, para mim a homossexualidade nunca foi um fantasma como é para os outros. Eu nunca tive esse medo todo que os homens têm de serem delicados e afetuosos. Eu sempre convivi com a questão da homossexualidade aqui em casa. Papai e Robledo contaram-me tudo desde os oito anos e eu cresci sem essa paranoia toda. Eu já tive aquelas relações que todo mundo tem. Mas foi apenas curiosidade, foi como experimentar drogas, achá-las sem graça e não se viciar, abandoná-la. Minha libido é mesma voltada para o sexo feminino. As mulheres com as suas curvas, os seus meneios, a textura macia de suas peles é que fazem realmente a minha cabeça... Não se preocupe...

- Seu bobo, não olhe pra mim como se eu fosse uma daquelas senhoras paulistas de tradicional família. Eu acho tudo isso tão maravilhoso, tão limpo, tão aberto... Apenas meus pais é que me perturbam, enuviam e assustam.

- Mas nós não temos nada a ver com eles – disse Paula como uma rajada, tentando convencer-se. Mas logo uma aura sombria cobriu-lhes o espírito. Encararam-se com piedosa ternura: não eram tão independentes dos pais dela quanto desejariam. Antes que o sono impedisse as derradeiras revelações, se dispuseram a, na medida do possível, com o mínimo de ficção, omitirem aos perigosos curiosos a relação dos pais do rapaz, que aos olhos conservadores numa mais educada adjetivação, seria rotulada de excêntrica!

O jantar em que os jovens enamorados reuniram os familiares para se conhecerem transcorreu amavelmente. Abílio e Rosângela, os pais de Sandra se limitaram a comentários ligeiros sobre como prepararam o peixe e se atreveram apenas a tentarem entender como transcorriam os trabalhos da gráfica. Robledo, que foi apresentado como padrinho do noivo, com a suavidade habitual de sua voz e o deslizar sem atrito das palavras explicou a modéstia do negócio. Rosângela encantou-se com a grande jovialidade dos acompanhantes do futuro genro, apesar de como ela e o marido, já ultrapassarem com boa margem de segurança os quarenta e cinco anos. Robledo sentiu-se compelido a perguntar à anfitriã se já tinha se submetido a uma plástica, dado o sorriso mecânico que ela apresentava. Em nome das boas maneiras e da polidez, absteve-se.




Terminado o jantar, no sofá da sala, Abílio continuou examinando as visitas, especialmente Heitor, o consogro. A consciência de que Heitor era solteiro o inquietava. Sentiu enorme vontade de explorar esse tema, mas lembrou-se dos pedidos da filha para que não constrangesse o futuro sogro. Sandra já havia colocado os pais a par de tudo que Paulo lhe contara com exceção da questão da homossexualidade. A repulsa em saberem que o pretendente da filha era fruto de pais separados, que não se atreveram a casar, foi enorme. Mas em nome do entusiasmo e felicidade da única filha que tinham (o irmão já estava com a trajetória razoavelmente traçada por eles, casado, com uma cativante filhinha), resolveram conhecer melhor aqueles que futuramente fariam parte de sua família. Abílio e Heitor trocaram opiniões sobre o desabrochar da Nova República e concordaram que por mais embrionário que fosse o processo, esse fato novo os contagiava, lhes restituía o ânimo e a confiança e os tornava menos temerosos de reviravoltas no desempenho econômico de suas atividades. Um pormenor, entretanto, despertou os demônios da imaginação de Abílio: estava acostumado, fora do mundo das mulheres, com vozes nitidamente viris, firmes, decididas, ríspidas até,  se fosse preciso. Por isso a desenvoltura e leveza da expressão de Robledo que comentava com paixão junto a Rosângela, os espetáculos que se destacavam em cartaz, perturbaram os parâmetros habituais que Abílio costumava associar como próprios do mundo masculino. Entretanto, mesmo com essas dúvidas afloradas, a noite terminou sem que nenhum choque cultural mais aprofundado lhe arrefecesse o brilho. Os convivas despediram-se discretamente e se comprometeram a pesquisar uma data mais adequada para a cerimônia de casamento.

No dia seguinte, o matreiro Abílio mergulhou numa pesquisa de outra ordem, com ajuda de alguns pertinentes colaboradores. Uma semana de trabalhos intensivos foram suficientes para que o pai conclamasse a filha para uma seriíssima conversa, na presença de uma mãe atônita:

- Sandra minha filha, eu não vou entrar em maiores detalhes. As conclusões é que são relevantes. Você sabe que eu tenho amigos em toda parte. O Rangel é investigador da polícia. Eu confiei-lhe uma missão espinhosa, mas para a integridade de nossa família é de suma importância...

As pernas de Sandra tremeram. Já vislumbrava de que fato se tratava. Mas procurou relaxar, controlar os nervos, pois caso fosse necessário mentiria com todo ardor possível.

- Instigado por algumas preocupações minhas o Rangel teve o trabalho de entrevistar o maior número de pessoas possível a respeito da conduta de seu futuro sogro.

Sandra ensaiou um “Você não tinha esse direito”, mas considerou mais diplomático ouvir primeiro tudo que o pai tinha para revelar-lhe.

- Realmente minha filha, em relação à situação da gráfica não há nada pendente. Entretanto em relação à conduta, aos costumes, eu e sua mãe temos sérias dúvidas!

Rosângela fez questão de fazer um movimento de cabeça de tal modo que a filha entendesse que estava de total acordo com o marido.

- Todas as pessoas entrevistadas são unânimes em dizer que a única mulher que lhes frequenta o apartamento, com exceção da empregada às sextas-feiras, é você. Um dos porteiros do prédio, com a ajuda de uma pequena quantia, foi claro quando afirmou que nunca os surpreendeu com uma mulher, que os vê, isto sim, sempre juntos em movimento. Empregados da gráfica também confirmaram essa impressão. Eu lamento minha filha, mas embora não tenhamos absoluta certeza, nós temos a desconfortável suspeita de que entre os sócios Heitor e Robledo existe algo além de amizade e interesses comerciais. Será que você não reparou que esse sr. Robledo tem um comportamento um tanto extravagante? Eu sei, não é igual a esses loucos (ou loucas) jocosos que observamos por aí, mas que tem um jeitinho, isso tem...

Sandra reagiu como pode. Gostaria de negar tudo com veemência, mas tinha consciência de que sua face, seus olhos, seus esgares facilmente denunciariam a mentira que as palavras tecessem. Mas lhe seria fatal não tentar:

- Como é que o senhor pode dar crédito a esses repelentes mercenários? Quanta infâmia!

- Mas será que você não percebe o perigo em que nossa família está incorrendo: aceitar em nosso seio, convívio, pessoas de moral tão duvidosa!?

A observação do pai tocou-lhe uma corda mais sensível e Sandra se dispôs a esquecer qualquer cautela que lhe freasse a ira. Toda veemência seria pouca para agora rechaçar os preconceitos:

- Tudo bem. Admitamos que tudo isso seja verdade: que Robledo e Heitor sejam amantes ou sei lá o que...

Rosângela corou, ameaçou intervir. O marido fez-lhe sinal para que ouvisse.

- E eu e Paulo. Vocês dois... O que nós temos a ver com isso? Eles com a vida deles, nós com a nossa. Será que essa coisa óbvia não lhes entra pela cabeça?

Abílio aproveitou a indignação da filha para dirimir de vez as suas dúvidas:

- Tudo bem. Então você confirma que já sabia de tudo! A família de seu futuro marido é chegada a uma pederastia e isso não tem nada demais?...

Sandra enfureceu-se ainda mais:

- Não coloque o Paulo no meio indevidamente...

- Então você confirma que os dois respeitáveis senhores são amantes?!...

Já fora de si, Sandra não conseguiu mais deixar nada soterrado:

- Sim e daí?... O que importa é a minha vida com o Paulo. O resto que se dane.

Rosângela escandalizou-se. Abílio apesar dos ânimos exaltados comemorou internamente a vitória: os seus esforços não tinham sido infrutíferos. Tinha suas suspeitas confirmadas. Agora só lhe restava lançar outra dúvida que abalasse as convicções da filha. A investida foi fulminante e certeira:

- Será que você acredita minha filha que alguém que foi criado nesse ambiente não tenha assimilado todos esses vícios?

- Aonde você quer chegar, papai?

- Eu vou ser claro com você minha filha... Você acredita que esse rapaz que você tornou seu noivo, depois de tantos anos de convivência não seja também um homossexual, não tenha as mesmas taras da família?

- Eu não gostaria de entrar nesses detalhes, mas dado que vocês me provocam eu me atrevo... Eu sei muito bem papai conforme gozo (e você deve saber também mamãe) ...

Rosângela abaixou ligeiramente a cabeça, um tanto vexada.

- Eu sei muito bem quando agrado a um homem! Acredito que nesse ponto eu devo saber mais do que o senhor...

Abílio revidou prontamente a provocação:

- Eu vou ser mais claro ainda minha filha. Essas pessoas são uns artistas! Paulo pode muito bem estar fingindo ao máximo para poder se juntar à nossa família. Quando eu arrumei esse trabalho pra vocês lá na rádio, eu pensei que ele fosse apenas um bom colega de faculdade, mas me enganei. Eu não pensei que vocês fossem chegar a tanto. O negócio do pai dele com aquele padrinho (que peça queriam me pregar, hein?) é uma atividade muito remediada, estacionária. Junto a nós, não! As oportunidades seriam outras. O padrão de vida seria muito mais atraente!... Você está cega Sandra! Abra bem esses olhos, esqueça um pouco os sentimentos, que eles turvam a razão! Nossa família não pode ser profanada por esses aventureiros... “Quem sai aos seus não degenera”. Mas quando os pais são degenerados...

Na mesma noite Sandra relatou a dolorida conversa com os pais ao amante, numa reunião no apartamento de Heitor. A indignação e revolta de Robledo conseguia ser maior que a dos demais. Uma pontinha de culpa que mesmo as vítimas mais inocentes incorporam de seus carrascos, o moveu a tomar a iniciativa. Sugeriu que ele e Heitor fossem urgentemente conversar com os temerosos pais para dissiparem suas desconfianças. Paulo a princípio foi contra, queria ele mesmo ir se defender e dizer poucas e boas ao futuro sogro, mas os demais, cientes do descontrole, ódio e desejo de vingança à que os espíritos ainda jovens são mais suscetíveis, concordaram com a ideia de Robledo. Num segundo round com as luvas já amaciadas, a visita do rapaz seria mais adequada.

Diante de um casal arredio, desconfiado, que não se dava ao trabalho de disfarçar o incômodo que os dois amigos lhe causavam, Heitor resolveu contornar a aura glacial que os envolvia:

- Eu imagino os fantasmas que tem sobressaltado vocês, mas eu acredito que pela felicidade dos nossos filhos seria imprescindível nós deixarmos os nossos preconceitos de lado. Eles simplesmente escolheram viver um para o outro. Não se trata aqui de tempos medievais que muitas vezes se repetem até hoje, em que os pais por meros interesses econômicos é que tratam do casamento dos filhos como se fosse um negócio. Longe de mim tal vontade. Se nós estamos aqui é simplesmente porque soubemos que ao se inteirarem do nosso modo de vida vocês se chocaram. Tudo bem. Isso era previsível. Mas o que não pode ficar em dúvida é a nossa honestidade de propósitos. Os jovens se amam e isso já é suficiente para que nós lhe forneçamos todo o nosso apoio. Não existe nenhum interesse escuso, subterrâneo, envergonhado de atingir a superfície... Eu gostaria de continuar, mas é melhor eu dar a palavra a vocês para que expressem qualquer dúvida que tenham que nós procuraremos dirimir.

Abílio e Rosângela dispensaram o máximo de atenção. Rosângela se fechou em inconfessáveis devaneios delegando ao marido a incumbência de transmitir-lhes as candentes preocupações que os incomodavam. Abílio sentiu uma enorme vontade de que essas duas inesperadas visitas não lhe tivessem batido à porta e solicitado uma conversa séria. Teria sido melhor se tivesse obedecido ao impulso inicial de expulsá-los. Agora era tarde e precisava colocar as suas dúvidas no mesmo patamar de elegância. Depois de um prolongado silêncio envergonhou-se dos infundados receios que acalentou nos últimos segundos em questão e convencendo-se de que estava diante de pessoas de nível rasteiro, de moral cambiante (se é que podia atestar a existência de moral nesse caso) resolveu ser duro e franco como de costume, sem papas na língua, conforme sempre se vangloriava de ser:

- Os senhores não podem garantir-nos o que se passa no íntimo do rapaz. Convenhamos, é uma empreitada muito séria. Eu não posso arriscar a felicidade e bem estar de minha família desse jeito. Eu vou ser claro com os senhores! Para nós pai e mãe são indispensáveis para a criação de uma criança saudável. Foi assim que criamos os nossos filhos e assim o transmitimos a nossa filha. Mas agora me parece que ela está enfeitiçada, hipnotizada por esse rapaz. Eu gostaria que vocês compreendessem que os nossos estilos de vida são diferentes. Ou melhor: incompatíveis! Eu lhes peço que dissuadam os jovens dessa loucura!

Robledo como que fulminado por essas declarações, esse quase manifesto de ojeriza, irrompeu numa apaixonada e como era do seu estilo, ferina, irônica e mordaz defesa:

- Eu soube que os senhores se deixaram perturbar pela minha voz como se fosse o canto de sereias dispostas a fazerem naufragar o grande navegador Ulisses. Mas ora vejam só! Isso é suficiente para colocar o império dos Pereiras a pique...

Heitor pressentiu que a insolência do amigo iria irradiar-se, mas dado que os seus bons modos do início não surtiram efeito, deixou-o livre para arrepiar os pudores mais embotados:

- Mas vejam então! A minha voz pode decidir a felicidade de sua filha! Meus senhores, o que importa é o que os jovens sentem um pelo outro. Agora se o pai é pederasta, a mãe adúltera, o padrinho pedófilo, a sogra lésbica e olha se até mesmo o sogro é um burguês corrupto e leviano, não importa!... Se existir amor mesmo entre eles, o resto é o ... resto. O resto que silencie e não perturbe!

O inflamado discurso de Robledo fez todos levantarem do sofá, sobressaltados. Antes que fossem expulsos dali, Heitor tomou a iniciativa de se despedirem. Antes que a porta se fechasse num forte estalido ele ainda teve a preocupação de lançar as últimas sementes na terra tão inóspita:

- Os jovens farão aquilo que for melhor para eles. Eu não vim aqui para segurar o emprego de meu filho. Minha intenção não era garantir a vocês que comprassem a mercadoria que ela era de boa qualidade. Apenas como a vida que eu e Robledo levamos espanta as pessoas não familiarizadas, nós quisemos era pessoalmente, sem intermediários, dar-lhes todas as explicações que quisessem. Pena que vocês não tenham entendido assim. Vocês estão interessados apenas no futuro, na felicidade dos seus bens materiais. Boa noite!

Antes mesmo que Abílio se atrevesse a qualquer represália na rádio onde os jovens trabalhavam, eles se demitiram. Se antes já haviam aventado a hipótese de morarem juntos, dispensando os compromissos formais, agora estavam mais do que nunca dispostos a viverem como gostariam sem a necessidade de mendigarem nenhuma benção. Paulo e Sandra chegaram até a pensar em selar o compromisso moral de se cuidarem enquanto se merecessem, com um bolo, champanhe e salgadinhos. Mas as indesejáveis lembranças que essa estereotipada trindade pudesse detonar os demoveram de tal ousadia. Simplesmente o casal chegou com as malas de Sandra, cumprimentaram os amantes que dali em diante os teria como ilustres hóspedes e se dirigiram ao quarto para organizarem convenientemente a disposição das roupas no armário. Diante deles o terceiro e menorzinho quarto do apartamento, pronto para receber o novo rebento que por lá viesse dar o ar de sua graça e completar a corrente com um elo ainda mais delicado. A gráfica recebeu um esforçado freelancer disposto a dar uma mão em toda atividade que carecesse de cuidados.

Afastando-se do trabalho na rádio e com dificuldades para arrumar outro (por ser filha do diretor de uma rádio não imaginou que pudesse ter problemas mais tarde), Sandra procurou contornar o inesperado vazio com as leituras que há algum tempo já rotulara de imprescindíveis. Como agora, além de algumas horas de batalha diária espalhando currículos e reagindo a insólitas entrevistas, tinha um bom tempo disponível, mergulharia com força na profissão de leitora contumaz. Provavelmente inspirada pelas leituras, com delicadeza procurou entender melhor o bizarro universo que os pais tanto temiam que ela frequentasse. O que mais a intrigava era a questão do ciúme: ela gostaria de em sua relação com Paulo conseguir o mesmo desprendimento, a ausência de cobranças que permeava as relações de Heitor e Robledo. Ela sentia que o carinho, o amor, o desejo de estarem juntos dos dois era sincero, perdurava. No entanto não conseguia compreender como em muitas noites em que ela fazia questão de que Paulo estivesse ali com ela, Heitor consentia em ficar sozinho, envolvido em exaustivas leituras e filmes, permitindo que Robledo saísse por aí sem destino ao sabor das aventuras fortuitas. Se era certo que quando os dois estavam em casa e demonstravam carinho em sua presença com abraços e beijos calorosos, por mais que procurasse mostrar que encarava tudo naturalmente, por dentro uma reprimida repulsa a exasperava imperceptivelmente, agora quando os amantes estavam cada um envolvido num lazer diverso, a sua inquietação não era menor. Não podia compreender como num sábado à noite em que os amantes de todas as plagas comungavam de uma mesma ânsia, os dois se dessem ao luxo de se dispensarem. Para ela isso era vital e não poderia conceber que numa hora em que a solidão aperta, Paulo não estivesse ali disponível. Imaginou que talvez isso ocorresse porque enquanto os dois amigos trabalhavam juntos, ela passava boa parte do dia só. Mas rejeitou a explicação. Mesmo que ela e Paulo estivessem no lugar deles, com ela isso seria diferente. No trabalho a relação seria ligeira, superficial, formal, em casa não; desfrutaria de toda intimidade. Certa noite não resistiu e inquiriu Heitor:

- Por favor não vá me interpretar mal. Apenas é que eu vivo nessa casa e me sensibilizo com tudo que acontece. Eu posso lhe fazer uma pergunta indiscreta?

- Pode perguntar o que quiser meu anjo. Eu apenas me reservo o direito de não responder aquilo que não quiser...

- Você não se incomoda de ficar aqui sozinho e deixar o Robledo sair por aí, disponível para o que der e vier?

- A vontade que ele tem de sair por aí, encontrar as pessoas é muito maior que a minha. Eu confesso que já perdi a paciência de ir por aí nesses bares e boates. Eu não posso, eu não me sinto no direito de prendê-lo... Logo ele volta!

Paulo encarou a companheira. Gostaria de entender melhor o que se passava em sua cabecinha. Sandra quis aproveitar a boa vontade do sogro e entender melhor a sua posição. Ampliou então a picardia das perguntas:

- Robledo é um homem ainda bem atraente. Não lhe arrepia a ideia de que ele agora neste momento possa estar com outra pessoa?

- Eu procuro não pensar nisto. Claro que se eu presenciar uma cena dessas, isso vai me magoar bastante. Mas o que importa mesmo pra mim é que quando ele estiver comigo esteja realmente por vontade, prazer e não por obrigação.

Heitor sentiu que essa observação chocou os dois. Talvez aquele momento ali que os jovens viviam fosse uma ocasião assim: “ponto a ser assinado”. Procurou então quebrar o possível mal estar se solidarizando com eles e reconhecendo que nem sempre “os britânicos conseguiam manter a fleuma”:

- É claro que muitas vezes nós nos descobrimos fazendo cobranças. Eu querendo que ele fique em casa, ele querendo que eu participe da sua “via-crúcis”. As vezes deslocamos essa discussão e brigamos por uma ninharia. Quantas vezes o Paulo já nos interpelou para que deixássemos de nos desesperar em círculos! Existe um equilíbrio que procuramos atingir, mas isso não quer dizer que a balança não oscile...

Sandra procurou situar-se também:

- Eu não sei. Talvez seja porque eu ainda seja uma tola romântica. Mas eu sou incapaz de perdoar uma infidelidade. Eu ainda acredito que quando o ciúme cede, o amor acompanha...

E beijou o companheiro ardorosamente como se procurasse se certificar de que ele estava ali presente.

Nas visitas que fazia à família, Sandra era recebida com um misto de alegria e frieza. Abílio e Rosângela faziam questão de deixar bem claro que a desejassem de volta ao seu convívio a qualquer hora, não estavam de modo algum satisfeitos com a vida que ela levava. Sandra procurava insuflar-lhes simpatia pela sua nova família, mas o desprezo estampado no rosto dos pais, sem esforço, com economia de traços, era insistente demais para que ela se aventurasse a prolongar o encontro.

Foi após uma acirrada, porém educada discussão pelo atraso de Paulo que a deixou só, além do habitual, que ela lhe transmitiu uma adorável notícia. Se não fosse a inibidora presença de Robledo e Heitor que já estavam a par de tudo, os dois jovens teriam se excedido na defesa de seus pontos de vista e o novo acontecimento perderia um pouco do seu encanto.

- Você nem merece que eu lhe dê a notícia. Mas já que você tem responsabilidade nisso também, eu comunico-lhe Sr. Paulo que teremos em breve um filho!

Alfredinho deu novo alento, arejou aquele apartamento. Robledo e Heitor disputavam com os jovens o privilégio de cuidar do garotinho. Não podiam deixar de se lembrar das noites de vigília que passaram entretidos em cuidados especiais com Paulo. Agora era como se todo aquele encantamento emergisse novamente e aquele árduo aprendizado pudesse agora ser aplicado, escoimado dos sustos e apreensões previsíveis. Quantas dúvidas tiveram sobre a melhor oportunidade de explicar ao pequeno Paulinho de onde veio, quem eram essas pessoas que lhes cuidavam. Embora nunca chegasse a se constituir num sentimento poderoso e paralisante, não puderam se despir do receio de que quando Paulinho soubesse de que modo foi criado, que sociedade era aquela que unia o pai e o padrinho a ponto de serem amigos tão dedicados, o garoto se revoltasse. Relatado tudo com detalhes a Paulinho no limiar dos oito anos de idade, os dedicados pais sentiram que não precisavam ter esperado tanto. A criança encarou a situação com naturalidade, estranhando apenas a promessa que teve que cumprir de não contar nada aos colegas da escola. Um receio, este sim exacerbado, consumiu os dois até a idade adulta de Paulo. Não era a possibilidade de Paulo ser também homossexual que os incomodava e sim, a possibilidade do rapaz, descobrindo-se homossexual e descobrindo um mundo ferozmente avesso a tal manifestação da sexualidade, passassem a culpar os “insólitos” pais pela indução indireta a tal prática, ainda que durante aqueles anos todos de indefinição, amadurecimento, Robledo e Heitor não ousassem defender categoricamente nenhuma das condições. Paulo homossexual num mundo que não tolera essa prática seria um sofrimento que o filho poderia encarar como herança recebida dos pais e em vez de com eles se solidarizar passar a desprezá-los. Por precaução os dois trataram de dar a melhor educação e abertura ao rapaz para não ser surpreendidos com uma dolorosa traição. Uma contraditória sensação de frustração e alívio os arrebatou quando sentiram que a heterossexualidade de Paulo, segundo os cânones convencionais de “normalidade” era um fato. Agora com o neto Alfredinho podiam desfrutar as delícias e gracinhas associadas à infância e deixar as responsabilidades maiores a cargo dos pais.

Os alucinantes cuidados exigidos por uma criança pequena são tais que nos primeiros dois anos Sandra não se incomodou com a condição de desempregada. A alegria em surpreender a criança em suas primeiras descobertas permitiu à jovem mãe esquecer-se de si. Tão logo se sentiu confiante em sua maternidade, a inquietação com a sua realização profissional voltou a lhe doer. Em conversa com Abílio e Rosângela, estes se mostraram preocupados com o destino da filha e do neto: Abílio conclamou a filha a aceitar sua ajuda novamente:

- Sandra você não pode continuar morando indefinidamente naquela casa. Você tem que pensar também na sua vida profissional, no bem estar do seu filho. Olha, um dos nossos apartamentos está desocupado atualmente. É amplo, espaçoso, é só fazer uma boa reforma. Olha, eu estou até disposto a readmitir aquele petulante do Paulo na rádio. Sua mãe pode lhe ajudar no cuidado da criança. Você poderá voltar a trabalhar também. Essa situação sem perspectiva é que não pode continuar.

Sandra titubeou. Não sabia o que responder, sentiu-se, entretanto na obrigação de defender os seus anfitriões:

- Nossa vida até agora até que não tem sido mal. Heitor e Robledo tem nos ajudado bastante. A única coisa é que eu sinto falta de um trabalho, apesar do garoto me dar um trabalho daqueles. Eu penso em ajudá-los na gráfica, também!

- Mas minha filha, aquele não é um ambiente adequado para a criança se desenvolver... Ela precisa de mais espaço. O nosso apartamento seria muito mais saudável. Vocês estariam muito mais livres. Nós, os nossos amigos, poderíamos visitá-los sem constrangimento. Pense bem minha filha, você não pode amesquinhar o futuro de seu filho por um capricho, uma birra infantil. Paulo precisa de um salário mais adequado às necessidades que a educação de uma criança acarreta. Pense bem.

- A decisão não pode ser minha apenas...

Paulo soube da conversa em todas as suas filigranas. Quando soube que Abílio pretendia aceitá-lo e à companheira, sem restrições, na rádio, o seu espírito arejou-se, uma tímida alegria esboçou-se. Tão logo, entretanto soube da ideia do apartamento maior, mais adequado “ao desenvolvimento de uma criança” o júbilo ainda nascente e desconfiado, metamorfoseou-se numa potente indignação:

- Agora eu entendi aonde eles querem chegar. Estão nos comprando com esse emprego e esse apartamento só para que mantenhamos distância de meus pais. Eles querem é manter o neto longe dessas influências que eles julgam perniciosas. Sandra, os seus pais não mudaram nada! Continuam desprezando minha família e a mim também, com certeza. Eles apenas me ajudariam porque estão penalizados com a situação calamitosa do neto: entregue aos cuidados de indivíduos tão pervertidos!... Não é mesmo?

Sandra havia intuído todos esses escusos interesses. Tinha, no entanto, a esperança de que em nome da melhor segurança em relação ao futuro do filho, que Paulo cedesse. Olhou-o apenas, constrangida.

- Sabe Sandra eu já estou enfastiado de trabalhar lá na gráfica, mas nem por isso eu vou me submeter às tiranias do seu pai!

Sandra tentou ainda levantar aspectos que possibilitassem aos dois encarar com outros olhos os fatos recentes. O tom de voz do casal era exacerbado o suficiente para que Heitor e Robledo sem esforço tomassem conhecimento da discussão que se desenrolava no quarto.

- Você tem que entender Paulo, é que de qualquer maneira houve um progresso. Apesar de manterem o preconceito em relação aos seus pais, eles agora enxergam a nossa relação de modo mais saudável. Eles nem mais nos recriminam por não estarmos casados oficialmente. Eu nunca pensei que eles fossem aceitar uma coisa dessas...

- Eu espero que esses panos quentes que você arrumou agora seja fruto de uma filha desesperada na tentativa de desculpar os pais. Deus me livre que seja apenas uma mulher com medo da vida e nostálgica da mordomia paterna que perdeu...

Sandra sentiu-se assaz ofendida. Esmerou-se numa lancinante defesa:

- Será que você não entende que tudo que eu tenho feito é para o nosso filho, que eu tenho me negado nesses meses todos o menor capricho, que eu só tenho vivido para cuidar dele? Será que você não entende que eu tenho me omitido de aprontar um escândalo quando eu sinto que você veio da rua com um perfume novo? Será que você pensa que eu não sei que você está louco para que eu incorpore o liberalismo de seus pais e aceite passivamente as suas pequeninas infidelidades?

Paulo não esperava que o calor da discussão os conduzisse a tais temas. Tentou com pesarosa ênfase colocar o debate nos trilhos:

- Por favor Sandra não misture as coisas. Essa é uma discussão que podemos travar, mas não pode cegá-la das artimanhas que seus pais querem nos aplicar... De qualquer modo eu não quero lhe obrigar a nada. A minha decisão é não aceitar nada dos seus pais, enquanto houver algum interesse comercial por trás. Você decide o que achar melhor... Eu sei que eu deveria ter lhe contado, mas essas aventuras que eu tive foram tão bobas que...

Antes que Paulo terminasse e que ela pudesse acumular razões para se arrepender, num ritmo febril, a voz afiada feito lâmina, Sandra comunicou a sua decisão irrevogável: iria embora com a criança para a casa dos pais. No dia seguinte as roupas de Paulo conquistaram maior espaço no guarda-roupa.

Agoniado, Paulo esteve pronto a disputar a guarda da criança na justiça. Mas ciente de que o velho Abílio pretendia utilizar tudo o que sabia na defesa da filha, optou por deixar o garoto com a mãe, para poupar Heitor e Robledo de qualquer exploração sensacionalista. Em nome do reconhecimento que lhes devotava, se resignou a ver o filho nos fins de semana regulamentares.

O enriquecimento de vocabulário de Alfredinho lançou a mãe aflita e os avós zelosos, alguns bons meses depois, em embaraçosas questões. Toda vez que voltava do passeio com o pai, o avô Heitor e o tio Robledo, o garoto insatisfeito com as horas ralas em que conviveu com a trupe de saltimbancos que se formava no parque, não só queria manter o formidável ritmo dentro de casa, como crivava os avós maternos e Sandra de perguntas embaraçosas. Em certa feita se interessou em entender melhor quem era o tio Robledo: era irmão de papai ou do vovô Heitor? Abílio com medo de não saber mentir coerentemente quis saber da filha o que o pai do garoto poderia ter lhe contado. Sandra tranquilizou-o. Tinha certeza que Paulo saberia como não despertar nenhuma curiosidade irrelevante, fora do tempo e comprometedora para a educação do menino. Ao filho disse simplesmente que Robledo era um amigo do pai e do avô e que por ter nome complicado (Ro-ble-do) seria mais fácil chamá-lo de tio...


Além da febril expectativa do garoto na chegada do fim de semana, quando a gang estaria completa, impressionava a todos a maneira como Alfredinho brincava civilizadamente com a priminha: nada de dar nó no cabelo das bonecas ou furtar-lhes os olhos. Quando o avô Abílio, junto aos netos, se apossou da   pequena metralhadora com a qual presenteara o neto, passou-a para Alfredinho, amarrou um barbante nos pés da boneca da neta e colocou-o sobre os cuidados do neto, este, antes mesmo que o avô terminasse sua onomatopeia de fuzilamento (um-dois-três RA-TIM-...!), assustado, jogou a metralhadora no chão, puxou bastante nervoso o fio e trouxe a pobre Andinha para junto de si, sã e salva, abraçando-a! Upa!

A pessoa é para o que nasce. Logo, os pais de Alfredinho e os avôs paternos compreenderam o caso em questão. Já os avós maternos, empedernidos eternos, não entenderam, ou pior, fingiram não entender.

Nelson Rodrigues de Souza 

( Conto originalmente publicado no meu Blog anterior, agora com revisões e acréscimos )  

b) - Uma Fatia de Autobiografia  

João das Neves 



Alberto Salvá 





















Nos primórdios dos anos 80, antes que fechassem a Embrafilme, fiz no Parque Laje curso de Dramaturgia com João das Neves ( um dos organizadores do show Opinião e criador da montagem clássica “O Último Carro” etc... ) , simultaneamente a um de roteiro com Alberto Salvá, que no mínimo tem a obra-prima “Um Homem Sem Importância”(1971), com Vianinha e Glauce Rocha, sucessos como “A Menina do Lado” (1987), sendo seu último filme “Na Carne e Na Alma”(2011), que ele não viu estrear nos Cinemas, pois faleceu e não pode batalhar pelo filme, tido por alguns críticos, como um dos melhores já feitos sobre jovens quase adultos/adultos quase jovens. 

Apesar das muitas diferenças, os dois convergiam num aspecto: “Escrevam um conto e depois o transforme numa peça, ou filme”. 

Não gostava desta ideia, pois a arte do conto é bastante difícil e não é nada menor. Basta lembrarmos de Júlio Cortázar, grande contista, principalmente, que disse que: “Escrever um romance é como uma luta de boxe que se ganha por pontos. Já escrever um conto é uma luta que se ganha por nocaute!”

Terminado estes cursos no Parque Laje, onde escrevi um roteiro para Cinema e uma Peça, sem passar pelo conto (em outra oportunidade, trago-os aqui para o Blog revistos), no ano seguinte fiz Vestibular para a UERJ em Português- Literatura e passei. Assim trabalhava como Engenheiro num convênio DAC/Infraero, em regime de CLT, durante o dia e estudava à noite e tinha dias em que estava morrendo de cansaço no fim do dia, constatando como esta condição é difícil, ainda mais com o ganha pão que tinha que me exigia muito intelectualmente.  

Tive uma professora excepcional de Teoria da Literatura I, Sílvia, a quem rendo homenagens aqui. Aprendi muito com ela. Mas os cursos de Teoria da Literatura II e III foram muito fracos, bastante inferiores ao I. Isto é, eu estava impedido de ler o que gostasse realmente, sem tempo para ver/rever os filmes desejados, amarrado a um curso que passou a ser de total desprazer. Cheguei a ter uma professora de Português que nos tratava com o mesmo tom com que lidava com suas crianças no colégio. Numa discussão sobre violência saiu-se com esta: “Se a gente plantar a sementinha do amor” (sic).

Se com Alberto Salvá cheguei a estudar contos do então proibidíssimo “Feliz Ano Novo” de Rubem Fonseca, na UERJ nada destes autores proibidos. E se estudávamos Guimarães Rosa era mais pelo seu lado poético místico, do que por qualquer viés social, político. 

Anos depois um ex-reitor da UERJ, Ivo Barbieri, confirmou minhas suspeitas. Durante a Ditadura Militar, autores como Guimarães Rosa eram mesmo instrumentalizados, para afastar discussões políticas e sociais.  

 

Victor Giudice 

Tive como colega um filho do prestigiado escritor Victor Giudice (com quem fiz excelente curso de criação literária anos depois) e o jovem estava também bastante desanimado e descontente com o curso pelas mesmas razões. Acabamos saindo. Tive notícia vaga de que ele foi fazer curso de mímica com Luís de Lima, ator e diretor e especialista nesta arte.   

Eu passei a ver meus filmes e por um ano me dediquei a ler só contos, promovendo varreduras de diferentes autores, nacionais ou estrangeiros, sem esgotar a obra, com raras exceções, como Victor Giudice de quem li todos os livros de contos: de “Necrológio”, “Salvador Janta no Lamas” até “O Museu Darbot e Outros Mistérios” e a novela “O Último Punhal”. Dele só não li ainda seu romance “Bolero” e um texto teatral.  

Ao mesmo tempo, com este tempo pra mim, passei a escrever muitos contos, alguns já impressos no Blog anterior e que vou trazendo pra cá. Mas os considero contos acabados. Não vou sentir banzo por não serem peças de teatro ou roteiros de filmes. Quem quiser se aventurar em transposições, esteja à vontade. 

Relato adiante o porquê resolvi trazer a público estes contos e análises de filmes, dentre outros escritos, além de procurar ser bastante ativo no Facebook etc... 

1- Um xamã de candomblé, no milênio passado, me disse que eu estava absorvendo muita luz egoisticamente, esta não estava saindo de mim para outros e isto estava me fazendo mal. 

2- Um analista lacaniano, também no milênio passado, numa conversa sobre taras, disse que eu tinha uma sim : escrever e engavetar os escritos...Os famosos fantasmas de gavetas.

3- Uma analista lacaniana de outra escola, já neste novo milênio. quando eu contava que tido ido ao Cinema, era implacável: “O diretor fez a sua parte. Você fez o quê mesmo?”.

4- Meu analista yunguiano atual se refere ao cemitério, lugar aonde guardo escritos, sem socializá-los. 

Eu tenho bastante material escrito sobre filmes e peças que assisti, além de sobre livros que li, durante anos. Tenho que organizá-los. 


Fritz Utzeri 

Neste novo milênio, o saudoso jornalista Fritz Utzeri, que ganhou prêmio Esso por reportagem sobre as bombas do Rio Centro que explodiram, graças a Deus, no colo de pau-mandados, viu alguma postagem minha sobre Cinema (possivelmente uma sobre “A Guerra dos Mundos” filme subestimado de Spielberg, onde escrevi: “Saudades dos tempos em que o grande perigo era tubarão nas praias...) e me chamou para escrever sobre Cinema, uma vez por semana, no seu Jornal Eletrônico/Blog Montbläat. 

Fritz depois de Lula finalmente eleito presidente, mas observando os movimentos dele, suas péssimas companhias em palanques, foi o primeiro jornalista a escrever: “Fomos Traídos”. Depois houve a debandada que conhecemos de Chico Alencar, Fernando Gabeira, Heloisa Helena, Cristovam Buarque, dentre outros. E eu que sempre votei no PT, também debandei pra sempre como eleitor. E olha que nem sabíamos ainda do Mensalão e Petrolão, escândalos políticos que eclodiriam.   

Pelo grande prestígio de Fritz aceitei de pronto fazer críticas, mas assumindo que não era profissional da área e sim amador, no sentido de quem ama (não o pejorativo). E pude tratar de homossexualidade livremente, apesar do protesto de alguns leitores. Fritz disse que sofria preconceito por ser gordo e compreendia todos os que sofressem preconceitos por qualquer especificidade e não comungava com isto. O primeiro texto que escrevi foi sobre “Brokeback Mountain” (2005) de Ang Lee. E sempre me vali de fortes spoilers, avisando os leitores, pois acredito que o fato de muitas críticas profissionais soarem débeis vem do fato de que, sem spoilers, sem adiantar acontecimentos, surge uma linguagem um tanto cifrada. E gostaria que os leitores antes vissem os filmes, para depois ler meus textos críticos. 

Muitas das críticas do Montbläat estão no meu Blog anterior e as trarei, revistas (se puder assisto os filmes novamente, quando os tiver em DVD). Já outras, vou procurar nos meus arquivos no computador, revendo o DVD, se for possível.  

Nelson Rodrigues de Souza 

c) Links Associados 

c-1 https://www.youtube.com/watch?v=FSmw8SQV0B0&t=932s 

Um Homem Sem Importância (Alberto Salvá, 1971) [Filme Completo]

O filme retrata a vida de Flávio, um homem "sem importância". Interpretado por Oduvaldo Vianna Filho, o personagem chega aos 30 anos sem uma capacitação profissional que lhe permita viver de um trabalho digno.

Face ao desemprego crônico, Flávio mais uma vez se desentende em casa. Seu pai é um mecânico rude, sem instrução, que vive mergulhado em seu trabalho. O rapaz vai à rua para fazer uma nova tentativa de encontrar trabalho, mas sem qualquer perspectiva, sente que já perdeu a juventude e continua desprovido de chances de realização.

Após ligeira tentativa de aproximação de um grupo jovem e um encontro com Selma, uma mulher desquitada que entende o seu drama, Flávio volta para casa, briga outra vez com o pai e espera um novo dia para continuar a lutar por um lugar ao sol. 

Ano de Lançamento: 1971

País de Origem: Brasil

Idioma do Áudio: Português

IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0201282

Elenco:

Oduvaldo Vianna Filho

Glauce Rocha

Rafael de Carvalho

Lícia Magna

D'Artagnan Mello

Dita Corte Real

Kazuo Kon

Mário Prieto

Célio de Barros 

Premiações:

Prêmio Especial para Salvá, Alberto no Prêmio Air France, 5, 1971, RJ..

Prêmio Coruja de Ouro, 1971, do INC - Instituto Nacional de Cinema de Melhor roteiro para Salvá, Alberto e Melhor fotografia para Almeida, José de..

Prêmio Governador do Estado - SP, 1971 de Melhor argumento para Salvá, Alberto.

c-2 https://www.youtube.com/watch?v=V_PtWGvMbKw

Alberto Salvá - A Menina do Lado (1987)- Filme Completo 

c-3 https://www.youtube.com/watch?v=r7mh0fuRxV8 

Alberto Salvá-  Na Carne e na Alma (2011)- Filme Completo


quinta-feira, 18 de novembro de 2021

Almanaque de Amor, Desamor, Perplexidades e Restos Humanos

 



Tenho nesta postagem, como em outras, uma visão mais holística da vida, do mundo, da Arte, onde tudo tem a ver com tudo. Assim não separo com nitidez, Cinema, Política, Religião, Psicanálise, Análise Junguiana, Literatura, Economia, dentre várias áreas do conhecimento humano. Comentários sobre Lula/Dilma e Luta Armada, por exemplo, dialogam com filmes que acabei não assistindo ( realmente, não os vi e não gostei, nada de chapa-brancas) ou estou adiando, como um encontro com "Marighella" de Wagner Moura. 


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Texto publicado originalmente em meu Blog anterior como “Mergulhos, Pedregulhos e Pérolas”, em 6 de setembro de 2012, quinta-feira. Existem muitos comentários sobre Lula, Dilma e até mesmo Bolsonaro, que já se anunciava um horror e deixava isto transparente. Mas está documentado aqui minhas cismas que surgiram com Lula, sua herdeira Dilma, mesmo tendo votado nele durante anos. Nela nunca votei.

“Minha arma é o que a memória guarda”, conforme gosta de repetir o grande Historiador e Jornalista Marco Antonio Villa em sua live diária que recomendo a todos (baseado em uma letra de Fernando Brandt, para “Conversando no Bar- Saudades dos Aviões da Panair”, imortalizada por Milton Nascimento e Elis Regina).  

Assim temos o texto de 2012, aqui renomeado, revisto e ampliado, mantendo também textos originais. Daí não estranhem as muitas referências a Lula, Dilma e ao bolsonarismo que já estava dando as caras. Até gostaria, mas muitas coisas não ficaram datadas, se repetindo, ainda que surjam de formas dissimuladas. O governo de Bozo, destampou um forte conservadorismo, de caráter não civilizatório, que vai além até do campo da extrema direita. O que dizer de alguém responsável direta e indiretamente por mais de 600000 mortes por Covid-19,  dentre outras barbaridades, como o deliberado assassinato cultural, agressões ao meio-ambiente, aos índios, corrupção na compra de vacinas etc...etc...?

E agora temos o sebastianismo que envolve Lula que quer ser presidente pela terceira vez, para “arrumar o desarrumado” segundo suas concepções. E não é só uma parte do povo que aguarda este retorno. Muitos artistas, escritores e críticos também. Como o país gosta de Mitos (mesmo que sejam de pés de barro).

Eu torço para que surja uma terceira via realmente competente, com programa político, cultural, educacional, ambiental, econômico etc... que nos tire deste lodaçal. Na eleição passada no primeiro turno votei em Ciro Gomes, mas no segundo turno, nem pestanejei, por mais discordâncias e desconfianças, votei em Haddad, fazendo até campanha, com adesivos e afins. 

Mas que estratégia canhestra de Haddad no primeiro turno! Lhe foi fatal! Quando foi guindado a presidenciável, ainda ia nas segundas-feiras pela manhã à Curitiba se aconselhar com Lula, um preso de luxo na Polícia Federal. Isto foi veneno para muitos votos. Outro grande erro foi Lula, ficha suja, insistir por muito tempo que era o presidenciável pelo PT, até passar o bastão a Haddad.   

Espero que em 2022 tenhamos outras opções. Aliás tínhamos em 2018 opções que não Haddad nem Bozo. 

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Vai mais adiante minha postagem anterior, que nos faz entender que se não tínhamos um desgraçado (des) governo do Bozo, também não estávamos realmente bem. Só na relatividade com o que há de mais repugnante no (des)governo deste beócio Bozo, é que podemos dizer que éramos felizes e não sabíamos.  

Existem vários links associados. Para os curiosos com espírito de pesquisa um presente. Para os demais, lembro que um e outros podem ser pulados, pois no próprio link, já se tem ideia do que se trata.        

Meu texto também comenta filmes, como o excepcional e pouco visto “Elvis & Madona” (2010) de Marcelo Laffitte, infelizmente já falecido ( https://www.papodecinema.com.br/noticias/cineasta-marcelo-laffitte-morre-aos-55-anos-no-rio-de-janeiro/ ), com 55 anos, quando ainda tinha muito gás para novos projetos.

Tenho nesta postagem, como em outras, uma visão mais holística, onde tudo tem a ver com tudo. Assim não separo com nitidez, Cinema, Política, Religião, Psicanálise, Análise Junguiana, Literatura, dentre várias áreas do conhecimento humano. 

Importante: todos os textos&frases são meus, exceto os que vierem com outras assinaturas.

Nelson Rodrigues de Souza 

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“O fato de os americanos

desrespeitarem os direitos humanos

em solo cubano é por demais forte

simbolicamente para eu não me abalar


A base de Guantánamo

A base da baía de Guantánamo

Guantánamo”

Caetano Veloso em “zii e zie” com a banda Cê



O fato de Lula em quem votei durante anos

Desrespeitar nossos sonhos e planos

Turvar nosso democrático sol

E ainda posar junto a um procurado pela Interpol

É por demais forte e de amargar

Simbolicamente, para eu não me abalar


A foto de Lula com Maluf

A foto de Lula com Maluf

Lula com Maluf 

Nelson Rodrigues de Souza

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Escola de Samba Brasil/ Enredo: Berço Esplêndido Eterno em Transe : “Lampedusa/Visconti na cabeça! com o verso no samba-enredo  “É preciso mudar para que tudo continue como está”

O Inferno é um lugar onde se fala em Economia durante 24 horas por dia e ninguém pode dormir.

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"O homem do século XX é um gigante técnico e um infante ético"- Ernesto Sábato. E eu acrescimento "o do século XXI também". 

"A grande tragédia contemporânea é a hegemonia da Ciência."- Ernesto Sábato 

"E o pássaro viu-se livre para ir em busca de uma nova gaiola." Franz Kafka 

"O Cinema é a única arte que surpreende a morte em seu trabalho."-Jean Cocteau

"Sou ateu, graças a Deus!" - Luis Buñuel

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Todo gay é um pouco Madame Satã.

A diferença entre mim e Madame Satã é que ele usava a navalha propriamente dita. Já eu me valho do poder de navalha das palavras.

Quem vê PIB não vê coração nem vísceras.

O amor é a ausência de estratégias.

Não é que eu não me aceite enquanto homossexual. O que não aceito é essa farisaica e hipócrita sociedade que não me aceita e  os que contribuem para que ela continue assim, como a presidente Dilma e seus acordos para a “governabilidade”, tornando o Estado na prática nada laico. 

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João Silvério Trevisan Numa Parada Gay (GLBTQI+ ) de São Paulo

Estamos sendo usados pela presidente, diz João Silvério Trevisan na 15ª Parada Gay de SP.

Em entrevista na 15ª Parada do Orgulho Gay de São Paulo, João Silvério, um dos fundadores do movimento homossexual no Brasil, afirmou que o movimento LGBT virou "moeda de troca" de parlamentares.

https://www.youtube.com/watch?v=RkFgFQk-dFw - Fala de João Silvério Trevisan na Parada Gay de São Paulo 

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O grande desafio do ser humano é em tudo e por tudo procurar o caminho do meio budista, mas sem cair na mediocridade. (As  cordas do instrumento não podem estar frouxas senão o som sai muito ruim, mas não podem estar por demais apertadas, senão arrebentam).

De quem eu gosto, confesso a todas as paredes e quero que caiam todas e o mundo inteiro saiba.

Iteano 

Se formar Engenheiro do ITA

Para o Bem e para o Mal

Uma façanha bonita?

Não é para qualquer mortal...


A perfeição é inimiga da realização. (Gosto sempre de reiterar. Nesta postagem, mais uma vez coloco isto em prática)


Deus não criou o pau para o Diabo criar o ânus com suas maravilhosas profundezas de zona erógena bastante especial.   Para Adélia Prado (“Deus não me criou da cintura pra cima, para o diabo criar o resto”)


O eufemismo mais sórdido no novo milênio é chamar corrupção de mal-feito. Algo que Dilma foi mestre em empregar.

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A História de Duas Boutades/ Sincronicidades Junguianas

Escrevi há algum tempo, século passado:

1- Relógio que atrasa, não adianta. 

2- Atenção, burgueses inveterados, no futuro adeus pertences.  

Há uns anos depois, já no novo milênio, dentre vários CDs e DVDs, comprei a obra toda do Grupo Casuarina. Paixão à primeira vista. Me fixei no grupo como meus CDs prediletos, dentre tantos comprados. E fui assistir show deles no Circo Voador. O primeiro dentre vários, em anos.  

Coincidentemente tivemos as mesmas ideias. Em duas músicas diversas aparece, sem nenhum plágio ( captamos ideias que estavam no ar ), as “minhas” boutades:

1-Música “Minha Filosofia”:

https://www.youtube.com/watch?v=Y3cg9HIQjmY 

Minha Filosofia - Aluisio Machado (Casuarina)

Aluisio Machado Oficial

Gravado pelo Grupo Casuarina

Vai passar

Esse meu mal estar

Esse nó na garganta

Deixe estar...

O próprio tempo dirá

Água demais mata a planta

Tudo que é muito, é demais

Peço: me perdoe a redundância

Entrelinhas só quero lembrar

Que a terra fértil um dia se cansa

É uma questão de esperar

Relógio que atrasa não adianta

E o remédio que cura

Também pode matar

Como água demais mata a planta


2- Música “Trilhos”

https://www.youtube.com/watch?v=FaJRKVOzuAk

Casuarina - Trilhos (DVD 10 anos de Lapa)

Eu ando em trilhos tristonhos sem trens

Passado o verão não se apeguem aos bens

Se o amanhã é incerteza, afirmo antes que repenses

Se há comida na mesa, no futuro adeus pertences

Retifico o fato, sou pato e tão fraco

Não entendo o que seja sufrágio

Se sujar tudo fora do barco

Capitão de primeiro naufrágio

Nunca tive razão na esperança

Já levei um sacode por isso

Corro só pra afornar minha pança

Dizimista no jogo de bicho

Eu ando em trilhos tristonhos sem trens

Passado o verão não se apeguem aos bens

Se o amanhã é incerteza, afirmo antes que repenses

Se há comida na mesa, no futuro adeus pertences

Sobrevivo de sambas e de truques

Traques, trocas e trocos por trecos

Sobressalto à emoção dos batuques

E os pequenos assaltos nos becos

Boca livre não faço desfeita

Encho os bolsos e nem me despeço

No salão passo pronto à espreita

Pra afanar corações inquietos


casuarinaoficial

34,1 mil inscritos


De Gabriel Azevedo e Diego Zangado, "Trilhos" é a faixa #11 do DVD "10 Anos de Lapa", do Casuarina, gravado em 2012 nos Arcos da Lapa (RJ) e lançado em 2013. ( Assisti este show com vários convidados ilustres como Lenine, pai do integrante João Cavalcanti- Nelson)

Conversei no camarim após o show no Circo sobre estas coincidências e compositores, bem humorados, me deram autoria, pois afinal eu era mais velho... 

Sincronicidade Junguiana se dá quando temos grandes coincidências, mas elas tem que ter um forte valor afetivo para nós. A coincidência com os versos do Casuarina me encantou bastante e contribuiu para minha atenção/paixão/ fixação pelo Grupo, que nunca mais perdi de vista ( a não ser agora, na pandemia), tanto em shows, quando nos CDs lançados. O show mais primoroso deles que assisti foi um com o repertório de Dorival Caymmi, que depois transformaram em CD, no Teatro bastante intimista da Caixa Cultural-RJ, bem pertinho deles. Mas passei a gostar de tudo que faziam, tanto nos CDs, DVDs como nos shows. Passei a fazer parte de uma legião de fãs, com muitos jovens, que descobri que eles tinham e sabiam de cor suas músicas.   

Acredito que houve Sincronicidade Junguiana. 





Sabia que o cantor Moyseis Marques tinha participado da composição inicial do Grupo Casuarina, mas não conhecia sua obra. E aí comprei toda sua obra disponível em CD. Foi também paixão à primeira vista, tanto como cantor, como compositor. Só não conseguia seu primeiro CD lançado. Me comuniquei com a gravadora e me disseram que já nem prensavam mais este trabalho. 

Uma tarde estava no então sebo Luzes da Cidade no Estação Net Rio. Algo que não gostava era que era difícil conferir o enorme acervo de CDs, pois estes estavam muito apertados entre si. Nem pensava em Moyseis e num ato instintivo e até entediante, enfiei a mão no meio dos CDs apertadíssimos e puxei um, como se fosse aquelas aves de praça que tiram a sorte das pessoas. Fiquei estupefato e felicíssimo: era o primeiro CD de Moyseis Marques que tanto procurava. 

Claro que pelo grau de afetividade envolvida e a grande coincidência temos mais uma vez o fenômeno de Sincronicidade Junguiana. 

Para quem não conhece Moyseis, ou quer recordar, recomendo este vídeo de "Nomes de Favela", composição sublime que o grande Paulo Sérgio Pinheiro fez para ele:

https://www.youtube.com/watch?v=VVTOQfgCGiA   

Moyseis Marques - Nomes de Favela 

E ocorreram na minha vida, muitos outros casos de Sincronicidade Junguiana. Alguns posso contar em outra postagem. Outros me calo, pois envolvem terceiros. Há ainda a sensação/ superstição de que se falar muito disto, destas coisas mágicas, pode afastar novas magias, que são sempre bem vindas.   


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Já Era, O Que é Hoje. Enfim um psicoputo. 

Bolsonaro declarou à Playboy que “ter vizinho gay desvaloriza o seu imóvel” e nada aconteceu! E se tivesse dito: judeu, negro, mulher, deficiente etc...o que aconteceria? Choveriam processos e manifestos. Lei anti-homofobia parece não ter valor. “Eles” têm medo até de um kit anti-homofobia nas escolas para ser discutido com adolescentes e não crianças, conforme surgiu nas calúnias. Será que vamos ter que esperar para que de forma análoga um político de alto escalão em Brasília passeando com carinho com seu filho, tenha sua orelha quase que decepada, como aconteceu em São Paulo com um pai e filho, num ataque de neo-nazistas, impunes até hoje? 


A carne mais barata do mercado não é a carne negra. É a do “veado”. Os negros, morenos e pardos, pelo menos, não sofrem preconceito de familiares. Esta é a tendência. 

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Cinema Intensamente Erótico 

O filme mais intensamente erótico que já assisti é “Mulheres Apaixonadas” (Inglaterra/ 1969) de Ken Russell, baseado na obra homônima de D.H.Lawrence. É um cult movie aqui em casa. A sequência de luta entre Oliver Reed e Alan Bates nus que culmina na descoberta enquanto seres desejantes e apaixonados é arrebatadora, inesquecível. Isto vai determinar a relação que terão com as mulheres apaixonadas do filme. A aceitação conduz à potência de viver, a se impor diante de obstáculos. A negação de si mesmo, aliada ao ambiente alienante e hostil de uma sociedade exploradora de minério desumana e rotineira, anti-vida,  conduzirá um personagem ao suicídio. Façam suas escolhas após descobrir aquilo que não se escolhe. Como Pasolini, D.H.Lawrence era alérgico à sociedade industrial. Como eu sou também. E não por acaso o crítico e ensaísta Luiz Nazário na Coleção Encanto Radical da Brasiliense, dedicada a Pasolini deu o belo título: “Orfeu na Sociedade Industrial” 

Para os mais interessado neste filme recomendo minha postagem http://pelaluzdosmeusolhos2.blogspot.com/2019/07/homenagem-aos-50-anos-de-mulheres.html ( Homenagem Aos 50 Anos de “Mulheres Apaixonadas” (1969) de Ken Russell, Um dos Clássicos do Erotismo na História do Cinema, Dentre Outros Temas Abordados.) 


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“Escrevo, logo existo”. Não. Clarice Lispector não escreveu isso. Mas poderia tê-lo feito com o maior mérito e pertinência. 


De “Água-Viva” de Clarice Lispector temos: “Já aprendi matemática que é a loucura do raciocínio, mas agora quero o plasma, quero alimentar-me diretamente da placenta”. Ela, claro, escreveu isto pra mim também, tal a identificação. 

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Pelas suas intervenções descabidas, Lula está mais para um “rei da cocada preta” do que para um ex-presidente.

O que a gente considera uma declaração de sabedoria, pode ser lido por outros como uma platitude. E aqui não temos uma exceção.

Os meus desafetos não vão comemorar. Mas para o bem e para o mal, eu sou um brasileiro com memória afetiva de elefante. Posso perdoar, mas esquecer jamais.

Cada um sabe o quanto lhe dói o “eu me calo”.

Vivemos sob a égide da ilusão de liberdade, da crônica e assumida desigualdade e a total falta de solidariedade.

As religiões são instrumentalizadas para ser o ópio dos povos. Não que necessariamente, assim o sejam.

O futebol não é, mas se tornou, instrumentalizado, o crack das massas-povo brasileiras. Nada de “Veneno Remédio”. É “Veneno Veneno “mesmo, não é José Miguel Wisnick?

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Desde criança sou siderado por cartazes de cinema e as fotos de cenas. Assim minhas postagens ficam repletas de posters e imagens de filmes, associados. Em “A Noite Americana” de François Truffaut, o diretor do filme dentro do filme, vai tendo um sonho em preto e branco que se desvenda aos poucos. Ele, criança, aproxima-se de um Cinema que exibe “Cidadão Kane”, puxa o dispositivo com o cartaz com imagens e os rouba. Aqui eu roubo do Google Imagens para a criança que ainda há em mim... E quem não gosta paciência. Não estou cobrando nada pela leitura...rsrsrsrsrsrsr 

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Não é sintomático que membros da corrente “Construindo um Novo Brasil” deturpem as eleições em Recife 2012 para prefeito, impondo um candidato externo às prévias já realizadas que davam força a uma nova candidatura do atual prefeito e que isto tudo tenha o apoio autoritário do ex-presidente?

http://eleicoes.uol.com.br/2012/noticias/2012/06/05/pt-precisa-justificar-intervencao-em-recife-para-evitar-rejeicao-nas-urnas-diz-pesquisador.htm 


Não é entrar pelas portas dos fundos na Rio+20, um país que ainda não tem um Código Florestal devidamente discutido e aprovado e como se não bastasse na cidade onde se deu o evento planeja-se a destruição de várias árvores centenárias para construção de uma estação de Metrô? E o que dizer dos incentivos às montadoras automobilísticas, via isenção de IPI quando caos é uma palavra fraca para explicar o que acontece com o trânsito nos grandes Centros Urbanos, com o excesso de automóveis ( poluidores...), com fraca política de transportes? Maldição seria uma palavra melhor.

A situação já era esta quando escrevi isto em 2009. Agora com os desmandos do (des) governo de Bozo, o que era ruim, ficou catastrófico- 18/11/2021.  

http://g1.globo.com/economia/noticia/2012/08/montadoras-pedem-mantega-prorrogacao-do-ipi-reduzido.html

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Socialismo Com Face Humana 

Malha-se tanto o socialismo ao Sul do Equador enquanto a Europa tenta reerguer-se justamente pelos ventos novos que vêm com a eleição do socialista Hollande na França democraticamente. Nada a ver com comunismo, ditadura do proletariado, partido único e nem tentativas de cercear a liberdade de imprensa. Já no Brasil o que temos é só fachada e peleguismo, fora o PSOL. PSTU e parentes são radicais demais pra meu gosto. E viva o euro-bônus, como uma ideia inicial.

( Holland decepcionou, mas o centrista Macron não foi a solução- 18/11/2021)



Ficando com dois filmes para representar o que é a França sob a era Macron, com problemas gravíssimos ainda não resolvidos, eu cito "O Valor de Um Homem" (2015) de Stéphane Brizé (sobre desemprego e empregos humilhantes), que deu o prêmio de melhor ator em Cannes e o César nesta categoria a Vincent Lindon e "Os Miseráveis" (2019) de Ladj Ly, este ainda mais apocalíptico e doloroso, com conflitos de periferia entre marginais e policiais marginalizados, entre marginais entre si e policiais nesta mesma situação, sendo no fundo todos os miseráveis do título.

Não se deixe enganar pelo cartaz. "Os Miseráveis" é um filme de sequências atrozes. O que temos é uma confraternização/ festa  por ganhos no futebol, algo que surge no início do filme, mas depois é só barra pesada. Este filme ganhou o Grande Prêmio do Júri em Cannes (quando havia fortes concorrentes), (o segundo em importância) e também o César de Melhor Filme. 

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BRICS

Guarda chuva chinês

No camelô a dez reais

Não dura nem um mês

Assim eu não compro mais


Para a condição kafkiana do homossexual não vale o adágio popular: “Quem não deve, não teme”. Há muito que se temer sim. Mesmo sem dever nada.

Será que a presidente Dilma tem tido tempo de ir à missa aos domingos?

http://transparenciapolitica.blogspot.com.br/2010/10/dilma-em-visita-aparecida-do-norte.html

Para acabar com o aparelhamento do PT@companheiros&comissários(as) do Estado Brasileiro sou capaz até de fazer uma loucura: votar no PSDB!


Mais loucos e irresponsáveis do que estes papas que durante séculos pregaram contra os preservativos e métodos contraceptivos são os fiéis que esperaram até Bento XVI ter certo lampejo de lucidez (depois de ter pregado contra até na África com tantos HIVs positivos) e não mais torná-los proibitivos “em certos casos” , para então passarem a utilizar as populares camisinhas. Até então HIVs, DSTs (como a perigosíssima hepatite C) e filhos não desejados, cresceram e se multiplicaram 

   

Depois de tantas utopias falhadas e/ou pervertidas, o mundo não só não melhorou, como aumentou a imundície, em muitos casos. .

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Comissárias em Profusão 

Como tinha comissárias ( ministras ) mulheres no governo Dilma! Seria meritocracia ou nepotismo sexista? Tudo bem. Quando eu me eleger presidente com coligações até com Malafaias, Bolsonaros, Crivellas etc., vou escalar João Silvério Trevisan para o Ministério da Cultura, Filipe Catto para Planejamento, Luiz Mott para Educação, Jean Wyllys para Relações Exteriores, André Fisher como Porta-Voz do Planalto, Ney Matogrosso para Saúde, Ana Carolina para o Trabalho, Sérgio Bianchi para Defesa, Ângela Ro Ro para Agricultura, Luis Carlos Lacerda para a Pesca, Pablo Vittar para o Trans-portes, Linn da Quebrada para Pequenas Empresas....Ah sim...Os coligados eu os indicarei  para Embaixadas em países em guerra civil...

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O “Amai-vos uns aos outros” se transformou mesmo em “Armai-vos uns e outros”.


Se meu mundo cair, eu que aprenda a “negociar”.


No Brasil em vez de “Pequenas Empresas, Grandes Negócios”, tem-se “Grandes Empreitadas, Gigantes Negociatas”.


O sistema capitalista é tão bom que o sonho de muitos empregados é ter os seus próprios negócios e dar as costas aos patrões ( “Fui!...), num ambiente de trabalho bastante “salutar”. E repetirão este círculo vicioso os que conseguirem.

O “Patrão Nosso de Cada Dia” é meu Senhor e tudo me faltará com tantas flexibilizações trabalhistas.

Quando a CPI do escândalo Cachoeira rejeita a convocação do ex-presidente da Delta, Cavendish, uma figura chave a se ouvir diante de tudo o que ocorreu, confirma Caetano: “Aqui tudo parece que é ainda construção e já é ruína” ( “Fora da Ordem”).

http://www12.senado.gov.br/noticias/materias/2012/06/14/pedron-simon-2018adiamento-de-convocacao-de-pagot-e-cavendish-e-um-dos-piores-momentos-do-pt2019


A retórica é o conto do vigário dos pseudo-filósofos.


O combustível que movimenta o país do “Nunca Antes “ é a corrupção em suas variadas camuflagens.

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Há Desafios e Desafios 

Ferreira Gullar contou que nos anos de chumbo foi convidado para participar da luta armada. Ele de pronto rejeitou e argumentou, com bastante sabedoria, que se ele fosse desafiado a uma luta com Mike Tyson, não aceitaria de modo algum, pois seria reduzido a ossos. Já se fosse desafiado a um concurso de poesia com Tyson, ele sem dúvida aceitaria, pois com toda certeza ganharia. 

Infelizmente, os que optaram pela luta armada, complementa Gullar, foram suicidas, pois desafiaram o contingente todo das Forças Armadas Brasileiras e fatalmente, mais cedo ou mais tarde, como aconteceu, perderiam, alguns com suas vidas, corpos e vísceras. 
















Claro que há políticos bastante importantes como Tancredo Neves, Ulisses Guimarães, Franco Montoro, Teotônio Vilela, Leonel Brizola, Darcy Ribeiro, mas de minha parte tenho realmente mais admiração pelos tantos artistas que resistiram com sua arte, como Chico Buarque com suas músicas algumas líricas e/ou provocativas; Dias Gomes com suas novelas subversivas (na Globo!); Vianinha e João das Neves com suas peças no Teatro; diretores teatrais como Zé Celso, Boal, com suas peças transgressivas; os Secos e Molhados e o Tropicalismo na área dos costumes e na política também etc... 

E ao seu modo, Nelson Rodrigues, com suas peças geniais, que provocavam escândalos tolos e fustigavam a caretice de uma sociedade farisaica.






Não podemos nos esquecer de Plínio Marcos que teve momentos na vida em que todas as suas peças, principalmente "Navalha na Carne" e "Abajur Lilás", estavam censuradas e vivia de jogos de Tarô e de vendas pessoais nos Teatros, como um camelô, de edições simplórias de suas peças candentes, onde captava a linguagem das classes mais subalternas e marginalizadas, com grande perícia, em conflitos agudos de sobrevivência.

"Navalha na Carne" recebeu no Cinema uma versão primorosa de Braz Chediak em 1969 com Glauce Rocha estupenda como a prostituta Neusa Sueli e trabalhos primorosos de Jece Valadão e Emiliano Queiroz, como Vado e Veludo respectivamente.

https://www.youtube.com/watch?v=l96oZ7bXSew - Navalha na Carne (1969), baseado na peça teatral de Plínio Marcos, filme completo no Cine Antiqua Purple, postado em 27 de jul. de 2020. 

De Plínio Marcos temos também no Youtube, o filme completo da adaptação de "Dois Perdidos Numa Noite Suja (1970), dirigido por Braz Chediak:

https://www.youtube.com/watch?v=azGQNf5tTbQ - Dois Perdidos Numa Noite Suja (Braz Chediak,1970).

E gostaria de mencionar muitos outros que inundariam esta página se citados. Lembro só mais alguns: Ferreira Gullar, Antunes Filho, Sérgio Brito, Glauber Rocha, Joaquim Pedro de Andrade, Rubens Correa, Ivan Albuquerque, Siron Franco, Leon Hirszman, José Wilker, Cacá Diegues, Eduardo Coutinho, Leopoldo Serran, Hector Babenco, Walter Lima Jr. , Hélio Oiticica, Neville D' Almeida, Luiz Rosemberg Filho, Ruth Escobar, Cacilda Becker, Rubem Fonseca, Inácio Loyola de Brandão, Roberto Athaide, Isabel Câmara, Alcione Araujo, Leilah Assumpção, Aldir Blanc, Paulo Sérgio Pinheiro, Fernanda Montenegro, Fernando Torres, Ziembinski,Millôr Fernandes, Henfil, Betinho, o pessoal todo de O Pasquim, Angeli, Antônio Pitanga, Marieta Severo, Zezé Mota, Elis Regina, Nara Leão, Nelson Pereira dos Santos, Rui Guerra, Aderbal Freire Filho, João Silvério Trevisan, Rogéria, Angela Ro Ro, Milton Nascimento e o Clube da Esquina, Ney Matogrosso em carreira solo, Clarice Lispector, Antônio Torres, Ruth de Souza, Abdias do Nascimento, Milton Gonçalves, Rui Guerra, Nelson Xavier, Carlos Vereza, Jorge Furtado, Sidney Miller, Macalé, Waly Salomão, os tropicalistas com suas obras individuais, Fernando Sabino, Caio Fernando Abreu, Geraldo Vandré, Sérgio Ricardo etc...etc...etc...

Escrevo Caio e me lembro do curta atualíssimo "Sargento Garcia", que pode ser visto em duas partes no Youtube:

 https://www.youtube.com/watch?v=yImM-CATZjo  - Sargento Garcia ( parte 1/2).

https://www.youtube.com/watch?v=x8wUoVqConE - Sargento Garcia ( parte 2/2) 

E para terminar lembro Domingos Oliveira que certa ala da esquerda dizia absurdamente ser um artista alienado, que sintetizou: “A Ditadura Militar no Brasil caiu  é de podre”. 

Ps .O caso do Capitão Sergio "Macaco", autêntico herói brasileiro, que ao desobedecer ordens do Brigadeiro Burnier, para explodir o Gasômetro do Rio de Janeiro, salvando vidas e a abertura para a democracia, é tão importante, que é tratado à parte, mais abaixo, num item especial.  

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Proposta 

Minha proposta aqui

Que não sei se será bem sucedida

É escrever com humor, ironias

E por que não alguma poesia?

Sobre mazelas do nosso Haiti

Visando de forma mais decidida

Solapar, dissolver teias de hipocrisias.


O político é um fingidor. Finge tão completamente que chega a fingir que é louvor, o que é corrupção evidentemente.  (As exceções que me perdoem...os demais que vistam a carapuça....).


Algo que não se discutiu na Rio+20 foi como se dá sustentabilidade a uma família com pai, mãe e filho cuja única fonte é o salário mínimo ...(Peguem um dicionário de Economia ou pesquisem, façam as contas e constatem que o valor praticado é anticonstitucional, ou seja, não compra o que está estipulado na Constituição).


Preferência 

Eu prefiro ser poeta menor

E ter uma vida maior em todos os sentidos

Do que ser marginal genial numa curta vida

Colhendo flores só após a morte e dos arrependidos

A vida vencendo com mais astúcia

E não a arte em suas corridas.


Do jeito que estão as coisas temos que ter não um Plano B, mas Planos C, D, E, .......Y, Z e se possível ainda Alfa, Beta e Gama.


Cabalistas e astrólogos precisam nos explicar porque em 2012 se comemora tantas efemérides: é trinta anos disso, 100 anos daquilo, 70 anos dacolá, 50 anos então...and so on...Vontade sincera de prestar homenagens, ou desespero de marketing e/ou de pauta para jornais? Estão comemorando até os 15 anos de Rede Cinemark! 

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Rainer Werner Fassbinder e Sua Peculiar Visão de Mundo 

Rainer Werner Fassbinder, um genial diretor, ator, autor ( tanto no Cinema, como no Teatro e Televisão, que foi “um artista que se deixou consumir pela própria arte” ( segundo o crítico teatral Macksen Luis) afirmou: “O amor é a maior forma de tirania que existe”. Eu não chego a tanto, mas que “o amor pode se transformar na maior forma de tirania que existe”, eu acredito. Já constatei/vivenciei.

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Uivos Uni-vos 

Poetas de todos os países e matizes, uni-vos

Lancemos com força nossos uivos

Diante do Estado das Coisas tão nocivo.


Meu interior é decorado com as lágrimas vertidas quando você foi embora e com as flores que não mais lhe dei.   

A Marcelo Jeneci e Marisa Monte, poetas maiores e singelos. 


Fanatismo é algo sempre perigoso. Mas o mais predatório deles é sem dúvida o religioso. Se você tiver que ser fanático em alguma coisa, que seja, mas (pelo amor de Deus! ) não em religião. 

Quanta feiura e dor com a ausência de sua beleza e prazer.

O homem é uma ilha rodeada de mentiras por todos os lados.

Não é integrado nem apocalíptico. É político.

A Paisagem Carioca é agora merecidamente Patrimônio Mundial. Falta agora o Cristo Redendor acordar e nos proteger realmente de nossas autoridades. Estes braços não parecem abertos, mas cruzados.    

A Cazuza (“O Cristo que abre os braços, sem proteger ninguém” )

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Dado a gravidade e afronta à dignidade da associação Lula/Maluf e o fato do primeiro ser presidente de honra do PT, partido que permite boa governabilidade à presidente Dilma, não seria o caso da Interpol interpelar o governo brasileiro? Que edifício poderemos construir sobre estes alicerces tão apodrecidos?

Leitura afins:

http://avaranda.blogspot.com.br/2012/07/ausencia-de-principios-denis-lerrer.html

http://avaranda.blogspot.com.br/2012/07/sete-belezas-jose-roberto-castilho.html

http://aliancacidada.wordpress.com/2012/07/26/mensaleiros-no-tribunal/#more-1514   

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“Até hoje se deve a esse articulador de consensos o exemplo de que um líder político pode ser esperto sem deixar de ser honesto, hábil sem apelar para trapaças.” - Zuenir Ventura sobre Tancredo Neves. 

http://noticias.terra.com.br/eleicoes/2012/noticias/0,,OI5877442-EI19136,00-Apos+foto+polemica+com+Lula+Maluf+beija+mao+de+Dilma+no+DF.html  


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Em certas circunstâncias o filet mignon do amor é a solidão.

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O Natural Sobrenatural ou O Sobrenatural Natural 


Eu acredito no sobrenatural. Este é o natural desconhecido, camuflado, que muitos não querem conhecer, até mesmo cientistas, filósofos, psicanalistas, psiquiatras. No fundo o receio maior é de perda de reserva de mercado. É por isto que tenho a maior admiração por Carlos Gustav Jung, não necessariamente místico, mas aberto a todas as áreas do conhecimento humano, como o jogo do Tarô, as mandalas da arte e terapia de Nise da Silveira com seus internos, as mandalas que ele mesmo desenhava, por exemplo. Se tivesse vivido mais poderia ter conhecido cultos afros e cultos afro brasileiros, onde orixás do candomblé e até os eguns de umbanda (como a pomba-gira Maria Padilha, por exemplo), podem ser considerados arquétipos junguianos.

Uma pessoa poder passar a vida sem nem precisar saber que o candomblé existe ( comento este pois tive mais experiências ainda com ele ). Outras podem se aproximar, para fazer boris ( chamados de misericórdia), com oferendas para seu santo e outros e/ou serem cambonos ( auxiliares dos terreiros). Já há os que ficam em encruzilhadas existenciais, com problemas de toda ordem ( um deles é dificuldade de se estabilizar no emprego, ou mesmo encontrar um pelo menos razoáveis, havendo ainda problemas de saúde física e/ou mental que podem ocorrer).

Neste terceiro caso, a pessoa tem que fazer o que chamam "raspar a cabeça" para seu santo e cumprir todo um ritual minucioso, de um mês mais ou menos. Outras pessoas ainda depois tem missão como pai ou mãe de santo.

Neste sentido é exemplar o caso da francesa Giselle Cossard que em visita ao Terreiro de Candomblé de Joãozinho da Gomeia na Bahia,  acabou bolando (como que sofrendo um desmaio ) e ao acordar ( às vezes basta acender uma vela junto a um copo d'água; nenhum médico resolveria este caso). Com conversas e jogo de búzios acabou descobrindo que tinha cargo de mãe de santo e assim, depois de vários rituais, sendo filha de santo de Gomeia, passou a ser uma das mães de santo mais prestigiadas no Rio de Janeiro, com uma casa em que produzia plantas e criava animais para os rituais dos filhos de santo ou de quem fosse fazer só um bori. Não era um candomblé nem luxuoso ou pobre. Este me causam desconfiança. A casa/ terreiro aprazível de Giselle estava na medida. 

Para os mais curiosos:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Giselle_Cossard 

Por estas razões, tenho a crença, com experiências pessoais e de conhecidos, de que médicos e profissionais da área psi, devem conhecer bem os cultos afros. Acredito que muitos internos de instituições psiquiátricas, nestas décadas todas, principalmente os de Barbacena, muitos sofrendo horrores, estão nesta condição porque não descobriram seus caminhos nos cultos afros, seja umbanda ou candomblé. 

E parem com a bobagem de considerar Centros Espíritas como lugares limpos, com energia superior. Estas são outras manifestações que devem ser estudadas. Respeitáves, mas nada superior. É outra onda, com polêmicas que devem ser melhor estudadas. 

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Mesmo com a derrocada econômica e social dos EUA após a explosão da bolha imobiliária e com o navio europeu movido a euros naufragando, ainda há muitos dogmáticos que defendem o fim das ideologias e proclamam o capitalismo de mercado como o melhor dos mundos, sendo que os gravíssimos acontecimentos teriam sido apenas acidentes de percurso. O que é muito curioso (repito mais uma vez para ver se aprendem...) é que o naufrágio europeu só encontrou saídas e esperanças através da eleição na França de Holland pelo Partido Social Democrata, tendo sido ele um agente catalisador que tem feito a neo-Margareth Thatcher, Angela Merkel, recuar de algumas posições de “austeridade” para países se suicidarem em dívidas, como aconteceu com a Grécia. 

Holland pode ter decepcionado, mas não é alguém como Macron, de centro, que vai resolver as reinvindicações justas dos coletes amarelos, das periferias, dos imigrantes e afins, sem apelar para a violência. Que venham novas lideranças do Partido Socialista para novos pleitos. 

“Não existem Ciências Econômicas. O que existe são Políticas Econômicas”.  Olgário Mattos, filósofa, especialista em Walter Benjamin. 


Paul Krugman, colunista e Prêmio Nobel de Economia escreveu que o problema da região do euro é o próprio euro, uma péssima ideia que surgiu, pois criou-se uma moeda única, mas sem um comando político geral que gerisse essa moeda.  Sempre tive a mesma opinião. E como Saramago, que escreveu “A Jangada de Pedra”, onde Portugal se descola da Europa em vez de a ela se unir artificialmente, nunca consegui separar Economia de um país de sua Cultura. Assim, dizer que os gregos são assim...assado...é má  fé...bobagem. Leiam o conto que escrevi no Blog, onde quase tudo é verdade, sobre Mercado, quando postar (aconteceu comigo), com as mentiras sinceras da ficção.

Vou rever, atualizando, mas quem quiser ter ideia do conto vai aqui o link: 

http://pelaluzdosmeusolhos.blogspot.com/2009/02/o-aprendizado-fetichista-um-conto-dos.html?zx=e15f2496fd8684cd ( O Aprendizado Fetichista – Um Conto )


As canções da Bossa Nova não dão mais conta do que é a Cidade do Rio de Janeiro hoje. A mais certeira é de Fausto Fawcett: “Rio 40 graus, Cidade Maravilha, purgatório da beleza e do caos”.

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Alguma Coisa Urgentemente 

a) Um dos sete cavaleiros do apocalipse é o mantra “manda quem pode, obedece quem tem juízo”, muitas vezes repetido em ambientes civis e militares. Não. O mantra sagrado, não este maldito, deveria ser: “Manda quem tem poder e necessidade de mandar e com rápidas considerações (de ordem interior e exterior) só obedece, quem considerar que quem mandou realmente tem juízo”.   


b) Ao Capitão Sérgio “Macaco”, o brasileiro mais importante depois de Tiradentes, um herói brasileiro da abertura democrática que se recusou a explodir o gasômetro a mando do Brigadeiro Burnier. O lado bom desta história é a grandeza heroica de Sérgio, que evitou uma grande tragédia, que poderia fechar o regime, em abertura lenta e gradual. Mas Burnier permaneceu impune e Sérgio perdeu seu posto. Só no fim da vida resolveram lhe fazer justiça, mas ele não tinha mais saúde para aproveitar. 

c) Leitura afim (atualíssima, dado o militarismo desenfreado de  Bozo): “Tenho reiterado a necessidade de que todo o povo brasileiro conheça melhor e se engaje nos debates sobre esse setor estratégico para o país. A Defesa não pode ficar restrita ao meio militar. Nem mesmo deve a discussão sobre ela ficar limitada aos círculos governamentais. Deve ser assunto de todos os brasileiros.” - Celso Amorim


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Alma é aquilo que em nós vibra quando somos expostos ao que se chama poesia/arte.

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Cracolândia 

Que inocência a minha. Eu pensava que cracolândia do Rio de Janeiro era O lugar abandonado onde jovens também abandonados viciados em crack se esbaldavam no consumo e ali moravam. O meu grande erro foi acreditar que existia  A cracolândia, quando o que existe são várias, até numa delegacia sucateada da Zona Norte.

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Concordo com Seu Jorge. Uma UPP é uma ditadura militar. Tem de ser formados líderes comunitários, com a polícia só no seu papel de formação. Policial militar não é treinado para ser “juiz de paz na roça de Martins Pena”. E por UPP eu entendo, Unidade de Polícia Para Futura Pacificação. É um caminho. Não é o destino final. O resto é propaganda eleitoral.

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Franquias 

Ah! Se soubessem quanta antipatia

Tenho por esta epidemia de franquias

(Até mesmo independentemente da qualidade)

Que dominam o mercado exibidor brasileiro

Inundando as telas de todas as cidades

Como as águas inundaram as serras

Fazendo com que o Cinema Brasileiro, sem exagero

Continue “estrangeiro em sua própria Terra”.

A Paulo Emílio Salles Gomes


No O Globo de 12/07/2012: “Calote do brasileiro cresceu 19% este ano”.

Cazuza num Centro Espírita: “Eu alertei: ” Meu cartão de crédito é uma navalha” ”

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Abominações de Dom Eugênio Sales e Hélio Silva com Catolicismo Vesgo, Tortuoso e Até Perigoso. 

Num momento bastante infeliz de sua vida nos primórdios do aparecimento de vítimas fatais da Aids, sem os recursos que temos hoje, Dom Eugênio Sales, então arcebispo do Rio de Janeiro, declarou que era um castigo de Deus para os homossexuais, o que deve ter amplificado a homofobia ( atávica) do machismo brasileiro. Só que este Deus do arcebispo além de muito cruel era burro, pois conforme se constatou depois os grupos de risco formam todos nós e numa análise comparativa, as lésbicas mais bem comportadas teriam risco menores do que casais heterossexuais e gays...


O historiador Hélio Silva no fim da vida se resguardou em algo como um mosteiro católico em Minas Gerais. Ele era formado em Medicina (Urologista) e nos anos 80 (quando a OMS já não considerava mais a homossexualidade uma doença) apresentou-se de seu refúgio na TVE como alguém sem preconceitos,  enfatizando como médico, que o ânus não foi feito para o pênis anatomicamente ...Em que mundo viveu Hélio Silva? Será que nunca soube que desde tempos imemoriais sempre se praticou a sodomia por diversas sexualidades, homo ou não, por se lidar com uma das zonas erógenas mais prazerosas do corpo humano? Será que ele nunca conversou seriamente com os amigos artistas de seu neto diretor e ator Buza Ferraz?

Ps. A sexualidade de Buza Ferraz não me interessa. Aponto aqui a possibilidade que Hélio perdeu em não aprender algo mais substancioso sobre homoerotismo através de conversas com  Buza.

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Doc Sobre Fassbinder Muito Bom, Mas com Graves Fissuras 






Já assisti a um longo e muito bom documentário sobre vida/obra de Rainer Werner Fassbinder com diversos depoimentos e abordagens. Mas sobre sua (bi) homossexualidade nada! Sobre as drogas, remédios, álcool, stress que o levaram à morte sim. Conclusão: Thanatos é bastante exposto. Eros não poderia. É maldito. Pegaria mal para um diretor que realizou três obras-primas, no mínimo, sobre relações homoeróticas: “As Lágrimas Amargas de Petra Von Kant” (1972), “O Direito do Mais Forte” (1975- “Fox e Seus Amigos”)” e “Querelle”(1982)...

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Sobre Dionísio e Apolo


Na Literatura Brasileira quem era ainda mais dionisíaco (“mal-comportado”)? Mário ou Oswald de Andrade? Claro que Oswald de Andrade que nos legou o “Manifesto Antropofágico”, “O Rei da Vela” com tantas influências como no Teatro de Zé Celso Martinez Correa e no Tropicalismo etc. Num dos seus poemas Mário relata que não há barulho mais bonito do que o cair de um cinto de um negro num quarto de hotel. No entanto quando os dois Andrades se desentenderam e não se falaram nunca mais, uma das razões (talvez a principal) tenha sido o fato de Oswald chamar o homossexual Mário de forma pejorativa, sem atenuantes carinhosos: bicha/viado!  Reza a lenda que Oswald teria lançado a boutade: “Mário é um Oscar Wilde de costas”. Por ironia Zé Celso, o artista brasileiro mais influenciado por Oswald que conheço, com a clássica montagem de “O Rei da Vela”, marco do Teatro Brasileiro, tem se esmerado em fazer espetáculos que transcendem bastante o que se costuma considerar Teatro e com seu grupo Uzina Uzona do Teatro Oficina tem montado autênticos rituais dionisíacos consagrados ao Deus Baco e sempre que podendo carregando bastante no homoerotismo. 

Tempo...tempo...tempo....tempo...Zé Celso deve ser o cavalo do espírito de Mário “para se vingar de Oswald....”. And last but not least, vale a pena lembrar que com tantas discussões que “Desde que o Samba é Samba” de Paulo Lins pode trazer, o romance tem sido criticado por alguns por conter diálogos com conversas sobre homoerotismo entre Mário de Andrade e Assis Valente....As tentativas de suicídio e o final tristíssimo de Assis podem ser narrados, mas que ele era provavelmente homossexual não...Haja preconceito...

Paulo Lins disse que sabia que esta questão do homoerotismo, não era essencial para seu romance, mas como negro entendia bem o preconceito que os homossexuais sofrem. Assim fez questão de, em solidariedade, incluir esta discussão em seu livro. 

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Paráfrase Singela 

Mundo imundo

Se eu me chamasse Dênis

Seria uma rima para meu pênis

E não uma solução

Para minha solidão.


Eu sempre fui muito mais sexo&cinema@mpb. Minhas drogas&rock and roll estrangeiro já estão no DNA da minha sexualidade desviante do que tolos chamam “a norma”.


Tá legal eu aceito o argumento. Mas não me alterem nomes tanto assim: Citibank Hall, Arena HSBS, Teatro Maison Du France PSA Peugeot  Citroën, Itaú Arteplex, Espaço Sesc de Cinema, Cine Bombril, Teatro Net Rio, Vivo Rio, Estação Vivo Gávea etc. Olha que a rapaziada está sentindo a falta de nomes afins enfim. E quando só houver sustentabilidade como Teatro Municipal EBX Eike Batista me avisem antes, que eu volto danado pra Catende...( Quando escrevi isto não poderia imaginar a derrocada de Eike e seus castelos de areia). 

Desde que eu me entendo por gente, eu virei bicho para enfrentar estas selvas de pedra.

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Darwin Só Viu Uma Face da Moeda 

A evolução natural darwiniana, após um Big-Bang (Do Nada/Vazio veio que energia para provocar esta explosão? Combustão espontânea?) pode explicar a existência de um urubu, por exemplo,  mas jamais a beleza de um pavão macho de asas abertas, com seus infinitos detalhes, conforme nos mostra Fellini em “Amarcord”, numa epifania junguiana. Há um Joãozinho Trinta por trás de todas estas belezas da Natureza, homens e bichos incluídos. Este João muitos chamam de Deus.

Não acredito que de poerinha em poerinha, após trilhões e trilhões de anos de acasos felizes, tenhamos chegado à Natureza e bichos como o conhecemos e a cérebros como os de Kubrick, Bergman, Resnais, Dostoiévski, Machado de Assis, Van Gogh, Freud, Lacan, Jung, Leonardo Da Vinci, dentre outros tantos, sem que houvesse um princípio organizador por trás. 

Sabemos pela Segunda Lei da Termodinâmica que a tendência natural é entropia ( desordem), não a entalpia ( organização). Para fazer frente a isto só uma entidade superior. 

Lembremos que o que é superstição para uns,  pode ser rito sagrado para outros, intenso e verdadeiro. 

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Deus Escrevendo Certo Por Linhas Tortas 

1-Para se ter fé em Deus, tem-se que aceitar o corolário popular: “Deus escreve certo por linhas tortas”. O desfecho de “Pickpocket- O Batedor de Carteiras” de Robert Bresson é exemplar neste sentido: “Que longo e tortuoso caminho eu tive de percorrer, para chegar até você”.

2-Este maravilhoso final de filme é homenageado no final de “A Criança” (2005) dos Irmãos Jean-Luc e Pierre Dardenne. Também ocorre o mesmo no desfecho de “Gigolô Americano” de Paul Schrader. Aliás este escreveu livro sobre as obras de Dreyer, Ozu e Bresson, se não me engano, sob o ponto de vista da espiritualidade: “Transcendental style in film: Ozu, Bresson, Dreyer”.

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O homem contemporâneo não só vendeu a alma ao Diabo do consumismo desvairado como também vendeu bem barato.


Dizem que rima na prosa é pobreza, vício de linguagem. Mas o que posso fazer se isto está na minha natureza, se vejo aí beleza para passar minha “mensagem” com a inteireza desejada?

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Interpretações Sem Arrogâncias 

Vejam só como interpretar um texto está sujeito bastante a subjetividades. Sempre que ouço a belíssima “Nobreza” de Djavan (“Uma grande amizade é assim/Dois homens apaixonados/.......Acenando pra gente/ O amor crescendo enfim/Como capim para os meus dentes”), eu logo imagino um fellatio homoerótico. Sendo bem objetivo: o que cresce é o pau do amante, o capim são os pelos ao redor. É por isso que desconfio de todas as críticas de arte (qualquer arte) que querem se mostrar bastante distanciadas, independentes e objetivas, como as de um Tinhorão por exemplo. Há que se deixar sempre graus de incerteza em muitos aspectos, pois ninguém está livre de suas subjetividades e até de suas idiossincrasias. Mesmo um profissional da crítica e do ensaio.

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“Deus ajuda quem cedo madruga”. Este dito popular se tomado literalmente é uma bobagem.Todos os artistas da noite, por exemplo, estariam condenados ao Inferno em vida. Mas se entendermos madrugar como batalhar para realização de nossos sonhos e desejos (“não esperar cair do céu....”) aí sim faz sentido. Deus dá um empurrãozinho definitivo para as realizações. 

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Variadas Faces do Medo 

“Nada me mete mais medo do que governos que tratam criminosos com aperto de mãos e artistas de maneira criminosa” - Felipe Hirsch, diretor de Teatro e Cineasta em O Globo, 16/07/2012.  E eu incluo “artistas e homossexuais”. 

(Felipe Hirsch escreveu isto em 2012! Imaginem o que pensa hoje com o deliberado grande apagão cultural do bolsonarismo maldito vigente?E as ligações com a marginalidade, com aumento deliberado de armas no país- 18/11/2021)

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Minha beat generation são os tropicalistas. Caetano é meu Jack Kerouack. Gil meu Alan Ginsberg. Ou seria o contrário? Mas meu Burroughs, certamente é Tom Zé.


Sim gente. Vamos contribuir para a reciclagem do lixo. Mas por favor, não confundir: reciclar políticos que se mostraram/mostram um lixo de modo algum. Procurem outras opções para o voto consciente.


Deus não dá asas a cobras. Mas muitos povos majoritariamente já deram, dão e continuarão? A eleição de Bozo presidente é um caso típico. 


Do jeito que avançam as notícias sobre os tentáculos da corrupção do caso Cachoeira, vamos acabar chegando à conclusão que a política no Brasil é uma escola de samba patrocinada em maior parte por um bicheiro.


Dentre incontáveis malefícios causados pela Ditadura Militar está a confusão entre o exercício da autoridade e autoritarismo. Até pais confundem estes conceitos em relação à educação dos filhos, gerando muitas vezes desmandos e em outras permissividades e omissões, criando filhos no mínimo, mimados, dentre outras infelicidades. 

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O Ser Mercado e Seus Humores 

1-O Mercado reagiu, sinalizou, transmitiu, reclama, ameaça, aquece, esfria etc. Até artistas se rendem e se referem ao “aquecimento do mercado” de musicais por exemplo. Meu Deus! Ressuscite seu filho para expulsar com seu chicote os novos vendilhões do Templo Mercado, a religião hegemônica e mais fundamentalista e cheia de dogmas do mundo de hoje.



2-Ps. Lígia Fagundes Telles disse que trabalhou durante anos como Procuradora do Estado, mas no fundo não sabia o que estava procurando. Eu trabalhei durante anos com Mercado de Transporte Aéreo, mas devo confessar que o sentido de Mercado ainda me escapa. 

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Transparência Para Todos. Nada de Opacidade.

Sem nenhuma ironia, claro que sou a favor da ideia em prática da Lei de Acesso à Informação Pública para tornar transparente os gastos em várias instâncias. Afinal o dinheiro vem dos impostos altíssimos que pagamos. Mas quem trabalha na chamada iniciativa privada dá sua força de trabalho, muitas vezes superando seus limites com efeitos até na saúde. Não seria o caso também de tornar transparentes balancetes de empresas etc..., bens e salários de empresários, de executivos, enfim de todos os trabalhadores (em todos os níveis), para que se possa saber se o salário pago está sendo realmente justo e trabalhadores poderem então através de seus sindicatos reivindicarem o que realmente merecem ganhar, tanto nas pequenas, médias ou grandes empresas?

Ganhar remuneração à altura do trabalho realizado é tão importante quanto não pagar impostos abusivos e ter estes recursos bem empregados. Demonizar o Estado e achar que o Mercado regula o resto é conto da carochinha. Trabalho não pago...Olha a Mais Valia de Marx aí gente se fazendo presente. Não se é contra o lucro. O problema é o lucro que vem do trabalho mal remunerado. Extração de Mais Valia era o que se dizia, mas a queda do muro não apagou esta mancha. Trabalhar cansa. Que seja bem pago o trabalho. Algo análogo também não deveria haver com serviços particulares pagos como planos de saúde etc.? Enfim: o corpo do trabalho social como um todo deve ser transparente, desnudado. O resto é empulhação e hipocrisia.

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Sauna Rodriguiana Catolaica Evangelista

Todo Sêmem Derramado Será Castigado.


A UFRJ recuperou a posse do terreno do Canecão e nada faz com ele. Não fode, nem sai de cima. Ninguém vai tomar nenhuma atitude?

(Estamos agora em novembro de 2021, novembro. Mudou alguma coisa ?)


E aí em Bruzundunga foi instalada uma CPI das CPIs anteriores para entenderem de uma vez por todas por que todas acabaram em pizza. Desta vez até o presidente resolveu fazer parte da comissão de notáveis escolhidos. Quando descobriram que um dos membros (bem graúdo) era uma das chaves do enigma, entenderam o que procuraram saber, foi lacrada e mais uma CPI acabou em pizza.


“Uma pessoa pode estar com a cabeça no congelador de uma geladeira e os pés numa bacia de água escaldante. Na média ela está bem”. É uma anedota apenas? Não! Atenção consumidor&eleitor&cidadão&afins ! Muitas estatísticas oficiais e privadas, incluindo as eleitorais, lhes são lançadas, estão contaminadas por esta piada mortal. E não adianta apelar para o Batman e Robin. O Coringa está onde menos se espera também.


A mais bela obra de Oscar Niemeyer é sua frase que ele gostava  tanto de repetir e está coerente com sua vida, sua invejável longevidade e criatividade. ”A Vida é mais importante que a Arquitetura”. O que ecoa também em Elis/Belchior: “Mas também sei que qualquer canto é menor do que a vida de qualquer pessoa” em “Como Nossos Pais”, um clássico da MPB.


Estou fundando uma religião. Principal princípio: “Vida (assim com V maiúsculo mesmo) antes da morte”. Basta de “cadáver adiado” que procria ou não, conforme Fernando Pessoa sintetizou.

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Sobre Fogo e Fumaça 

Deus é um fogo. Não podemos provar sua existência, mas podemos sentir sua fumaça (como nos terreiros de candomblé, umbanda, em centros espíritas, mas que sejam sérios). E todos sabemos que onde há fumaça, há fogo.

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A Uniformização Que Confunde 

Depois do não prefeito Marcelo Crivella que deixou a cidade do Rio de Janeiro entregue à sua própria sorte, votei com entusiasmo em Eduardo Paes para derrotar Crivella. Mas isto não implica que a gestão anterior de Paes tenha sido exemplar. Mas uma grande qualidade Paes tem: ao seu modo ama muito a cidade que agora preside novamente.

A  primeira Prefeitura de Eduardo Paes resolveu dar ordem unida aos ônibus da Cidade do Rio de Janeiro. São todos agora brancos.  Assim eu que há uns 40 anos já estava acostumado em distinguir ao longe as linhas circulares (vermelho e branco), a linha 409/410 para Tijuca (azuis), etc. ando agora me perdendo. Quando me dou conta o ônibus já está passando pelo ponto. Outras pessoas comentam a mesma coisa. Como se não bastasse trocaram números desnecessariamente. Não temos mais 571 e 572 (Glória-Leblon). Seriam agora 161 e 162? O caos é total quando se tem fileiras de ônibus brancos num ponto só. Quem planejou isto não entende nada de transportes e odeia os pedestres. A cereja do bolo teria sido pintar os ônibus de azul barateia ou verde oliva...Claro que o distintivo Cidade do Rio de Janeiro está impresso nos ônibus fazendo marketing.

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Há anos um chefe numa avaliação me disse: “Você é tímido”. Respondi de bate-pronto: “Eu não sou tímido, sou intimidado”.

Quando tive minha primeira carteira assinada em regime de CLT um item nos primórdios dos anos 80, logo me assustou: “Em caso de dúvidas sobre segurança pergunte ao seu capataz” (sic). Um grande avanço que nos foi concedido pelo ditador Getúlio Vargas, segundo alguns historiadores.

“A História é um Pesadelo do qual estou tentando acordar”- James Joyce

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Sou socialista democrático convicto. Não acredito em nenhuma forma de capitalismo, brando, médio ou selvagem. Numa análise lacaniana básica os capitalistas se entregam. Não há nada de humano na palavra capitalismo. Já socialismo nos lembra o básico: somos seres sociais. Já comunismo é outra onda na qual nunca surfei.

Quem ler meus contos de temática homoerótica já incluídos no Blog anterior e que estou trazendo para o atual (com a ressalva que também há aqueles em que esta temática não comparece) perceberá que procuro sempre articular “questões GLBTQI+” com corrupções dos mais variados graus. Minha maior perplexidade na vida é porque vivo num país (e no mundo todo?), em que, de modo geral, com poucas exceções, é tão homofóbico e machista, intolerante, neste aspecto vital pra mim e tolerante, submisso, subserviente, omisso, passivo e/ativo em relação aos “mal-feitos” (sic), numa relação de Servidão Voluntária, conforme enfatiza Étienne de La Boétie*?

* https://pt.wikipedia.org/wiki/Discurso_da_Servid%C3%A3o_Volunt%C3%A1ria   

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Uma dúvida atroz: haverá espaço ainda para a construção de um Monumento aos Mortos de uma Terceira Guerra Mundial?

Mais uma prova de que o acróstico BRICS como “países do futuro” é mistificador é o blackout para 670 milhões de indianos em dois dias seguidos (agosto/julho de 2012) em 20 estados dentre 28 da Federação. O Governo Federal culpou os estados por excesso de consumo de energia elétrica. ...Será que ainda há alguém realmente sério que acredite que PIB é um indicador apropriado para avaliar real desenvolvimento?

“A mais triste nação na sua época mais podre compõe-se de um grupo de linchadores”- Caetano Veloso em “O Cu do Mundo”. Deve-se fazer Justiça aos réus do mensalão, mas acrescento: “A mais triste nação em sua época mais podre compõe-se de grupos de pessoas que se lixam para a corrupção, sejam juízes ou “baixo clero” que se embriaga com Olimpíada em Londres e/ou Futebol etc.”   (2/08/2012)

( Agora que destruíram a Lava-Jato este comentário fica mais atual do que nunca- 18/11/2021). 


Anteontem morreu o grande cineasta Cris Marker.  Ontem Gore Vidal, um escritor com E maiúsculo (seu romance “Juliano” é um dos mais influentes em minha visão de mundo). Outros grandes em suas áreas também se foram nos últimos tempos. Enquanto isto tem várias criaturas por aí com seus “sacos de maldades” “fazendo hora extra”, esticando-a. Deve ser verdade mesmo que “vaso ruim não quebra.” (1/08/2012)

( E o pior que nesta pandemia, este fenômeno se repetiu. Como morreu gente boa e vasos bem ruins não quebraram...- 18/11/2021 )

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Policiais federais ameaçam fazer operação padrão em fronteiras, portos e aeroportos. Ou seja, ameaçam seguir leis de operação para segurança ipsis litteris, o que provoca transtornos. Isto é mais um sintoma do surrealismo irresponsável brasileiro. Tudo se passa como se dissessem ao governo: “Olha, atendam nossas reivindicações salariais, de efetivo etc..., senão cumpriremos as normas à risca conforme determina a lei. Quer dizer então que cotidianamente em condições normais trabalham na ilegalidade? Estas leis de operação conforme estão esmiuçadas são realmente necessárias ou precisam ser mudadas, para sairmos do ridículo impasse? (agosto de 2012)

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Perto de casa há um amplo tapume nos fundos de um hospital onde deve ser proibido colocar cartazes há anos, mas a prática com o famoso jeitinho brasileiro já vem de anos. Há cartazes lado a lado em disputa, havendo sucessivas renovações. Assim observa-se um festival de anúncios de shows pela cidade de A, B, C....na Lapa, na Barra, no Recreio, na Lagoa, no Centro etc. Mas não se esclarece onde haverá o evento. Na Lapa pode ser Fundição Progresso, Circo Voador, Bar Semente etc....Na Barra HSBS Arena, Citibank Hall etc. Na Lagoa Miranda.... Assim temos um sintoma da sociedade brasileira metaforizado: produtores fingem que cumprem a lei e poder público finge que fiscaliza. Como disse Stanislau Ponte Preta: “Ou nos locupletemos todos, ou restauremos a moralidade”.

(A situação hoje não é a mesma. Basta lembrar dos tantos espaços que fecharam ou estão fechados por causa da pandemia. Antes tivesse vigorando ainda o jeitinho brasileiro, com espaços funcionando...- 18/11/2021)

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Em termos de delito não vejo diferença entre camelôs que vendem DVDs piratas para sobreviver e pessoas da classe média ( incluindo a tal “emergente”) que faz downloads em casa, grava em CDs, tira cópias e distribui para os amigos e a pessoas que se tornam amigas ( entenda-se aqui amizade não como aquela que é integra e verdadeira, mas sim aquela que é puro verniz social). Estes últimos passam a ser convidados para festas, reuniões, ganham convites Vips, DVDs, camisetas e outros regalos. A diferença maior mesmo é que os primeiros põem suas caras à tapa e trabalham com dinheiro vivo. Os segundos operam em surdina e trabalham com escambo. Acredito que seja desnecessário acrescentar, mas não resisto: se tenho alguma simpatia e solidariedade nesta história toda é com os primeiros...Com os segundos tenho feito cortes de escorpião, meu signo que tem um arquétipo com o qual me identifico.

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Não são apenas os Bolsonaros, Malafaias, uma porção de evangélicos, católicos, grupos da família (sic) etc. que devem temer uma lei anti-homofobia séria, bem feita e que seja realmente bem aplicada, (como a Lei Afonso Arinos para os negros, a Lei Maria da Penha para as mulheres), não sendo mais uma lei que “não pega” na sociedade brasileira. Algumas autoridades que tem o poder de recomendação de filmes em cinema ou DVDs com cenas de homoerotismo que imprimem o anátema “desaconselhável para menores de 16/18 anos por conter cenas de desvirtuamento ético.” também deveriam ser enquadradas nesta lei.

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Eu sei que sou suspeito, pois com exceção de Copas do Mundo de futebol, acompanhar esportes em que mídia for ou ao vivo me provoca profundo tédio. Mas a impressão que tenho é que a máxima do espírito olímpico “O importante não é ganhar e sim competir” está cada vez mais rara, se é que já não acabou de vez.

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Deus: a metáfora de todas as metáforas.

Tédio, resultado do assédio do tempo sobre os sonhos.

Enquanto os pobres vêm e vão de vans (muitas clandestinas), os ricos vão ao divã.

Viver é a arte de administrar o cobertor curto da existência. É só nos descuidarmos por um lado que sentimos um frio na alma por outro.

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Glauber e Uma Travessura Genial

Para quem quiser relaxar um pouco diante de tantas questões colocadas sugiro, mui amigo, a visão deste filminho que Glauber Rocha fez por encomenda de José Sarney: “Maranhão 66 “. Glauber usou o dinheiro recebido e em vez de fazer algo institucional, chapa branca, deu um baile em Sarney, mostrando muitas facetas de misérias variadas. 

https://www.youtube.com/watch?v=hDRtFYjOtCY

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Antes de chegar no Rio de Janeiro para trabalhar ( em janeiro de 1979) e aqui me estabelecer até hoje, eu ouvia falar que a Lapa era um dos bairros mais famosos do Rio, principalmente pelos sambas históricos e seus Arcos. E assim continuei pensando, morando de início no contíguo bairro da Glória. Não é que em 2012 surge a criação do finalmente oficial, pela prefeitura, do Bairro da Lapa, com limites que vão até perto da Cruz Vermelha? O que esperar de uma cidade onde isto acontece? Se não era um bairro era o que então? Se falassem em ampliação do bairro eu entenderia, mas criação? O espírito de Madame Satã e até do Noel de Vila Isabel, devem estar aturdidos como eu, dentre outros.

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Para mim o rock do anos 80 ( o chamado BRrock segundo Artur Dapieve), o iê-iê-iê de Roberto, Erasmo e da Jovem Guarda, o samba, o xote, o xaxado, o baião, a ciranda, o choro, o sertanejo, a milonga gaúcha, o samba-enredo, a bossa nova,  o tropicalismo, o funk e rap das periferias, o mangue-beat etc..., tudo é MPB ou seja manifestações da Música Popular Brasileira, onde as qualidades estarão nas músicas e não no gênero, para não cairmos numa geleia geral de aceitarmos tudo com sendo bom. E não é que ainda há premiações que separam discos de samba, pop e de MPB? Mais popular e brasileiro que o samba impossível! É preciso sempre relembrar Gilberto Gil: raiz é mandioca. Será que ainda temos Jotas Ramos Tinhorões na praça? O próprio é (foi, pois quando escrevo agora já morreu) um grande pesquisador da Música Popular ( só ele mesmo para fazer uma História neste sentido na Literatura Brasileira, por exemplo). Mas ele superpõe ideias marxistas a sentimentos mais legítimos e íntegros, impalpáveis, mas reais. Ele parece se comunicar mais com a sociologia que estudou do que com a própria alma. Descartava o genial Johnny Alf (um dos grandes pais da Bossa Nova) só pelo nome americanizado. Juro que li no JB. Não foi delírio meu.  Tinhorão: “Gonzaguinha não passa de um Ari Barroso” (sic). Sobre Elis escreveu que ela não entendeu Cartola em “Basta de Clamares Inocência”, como se houvesse uma forma só de se interpretar Cartola.


Uma crítica de shows do JB, Maria Helena Dutra chegou a escrever que “Conversando num Bar-Saudades dos Aviões da Panair” era “uma das piores canções de Milton Nascimento” (sic).  E Sílvio Lancelloti um dos que mais detonaram “Odara” de Caetano Veloso por supostamente ser algo bastante alienante numa era de ditadura militar (quando no fundo é um hino à alegria de viver e dançar) que de crítico musical passou a ser crítico de gastronomia...E pra terminar estes verbetes sobre MPB: reza a lenda que quando disseram que Maria Bethânia desafinava as vezes, ela declarou: “Mas se a gente desafina na vida, por que é que não pode desafinar na música?

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Moore e Verdades Secretas e Incômodas com Ecos no Brasil 

Do jeito que anda a Medicina hoje, conforme acompanhamos pelos jornais (e nesta pandemia como há colaboracionistas e caudatários de Bozo, autênticos Mengeles ) e Michael Moore expôs muito bem com seu humor afiado (necessário senão o filme ficaria doloroso demais) em “Sicko-$O$ Saúde” (2007), sobre planos privados americanos que inspiraram planos de outros países (Brasil incluído), acredito que há médicos que fizeram não o juramento de Hipócrates, mas para o “deus” Hipócritas mesmo.

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A Arte Perpassada Pelo Planeta Melancolia 

Mais Cinema (com spoilers, até fortes, detalhes adiantados para a análise pretendida) 


Quando assisti em 2011 “Melancolia” (Dinamarca/2011) de Lars Von Trier pela primeira vez não tive dúvidas: é uma obra-prima do Cinema Mundial. Um clássico instantâneo. O que se confirmou numa revisão. Não bastasse sua visão aguda do que é o universo da depressão (como já fizera em “Anti-Cristo” de 2009), Lars com seu filme nos conduz tanto a especulações metafísicas, como a uma visão do mundo contemporâneo em derrisão, especialmente da Europa que parece estar mesmo à beira de ser destruída pelo planeta Melancolia.

Depois de uma introdução em que o filme já adianta que a Terra está ameaçada pelo Planeta Melancolia, temos uma primeira parte em que Justine ( Kirsten Dunst, Melhor Atriz em Cannes ) está o tempo todo deprimida, pois tem um emprego que detesta, está pra casar com quem não ama e não respeita, tem péssima relação com a mãe e só sua irmã Claire (Charlotte Gainsbourg, a atriz que melhor compreende as propostas de Lars, Premiada em Cannes por "Anti-Cristo"), gosta muito dela e quer, pelo menos, lhe preparar uma bela cerimônia/festa de casamento. 

Já na segunda parte, depois que o marido cientista de Claire se mata por saber o que vai acontecer realmente com a Terra, algo que negava antes e esta, antes tranquila, fica desesperada. Já Justine ( num quadro perfeito da depressão, que Lars entende muito bem), passa a ficar eufórica. Assim uma das mais belas e significativas sequências se dá quando Justine fica nua sobre uma pedra, com as pernas abertas, para receber o Planeta Melancolia uterinamente.  

Logo depois aconteceu o que já previa (um filme superaria ainda mais “Melancolia”): assisti no Cinema cada vez mais encantado e maravilhado quatro vezes “A Árvore da Vida” (EUA-2011) de  Terrence Malick, (EUA/2011), um filme deísta que aponta para várias religiões, mas não fecha com nenhuma. Isto irrita tanto materialistas empedernidos como religiosos fanáticos que ficam desapontados por não enxergarem no filme com mais ênfase a religião que cultuam. Mas aonde entra “Melancolia” em “A Árvore da Vida” (filmes complementares cuja simultaneidade de lançamento mundial, não foi por acaso). Ora, nos olhos tristes e desencantados de Jack (Sean Penn) tanto em elevadores de edifícios modernos, no ambiente de trabalho, na relação fria dele com uma mulher separada, distante no leito etc. É esta melancolia que o move à busca de resgate com o pai fanático religioso Sr. O’Brien (Brad Pitt, magnífico, cada vez mais melhor ator), músico frustrado que tentou impingir aulas de música aos filhos, descartado do trabalho depois de anos de dedicação, como algo agora imprestável, como tem acontecido neste nosso mundo de perversas reengenharias.

 “Trabalhar Cansa” (Brasil-2011) de Juliana Rojas e Marco Dutra,   também trata deste tema com um final tão impactante e “lógico” dentro da narrativa quanto o de “Melancolia”, com o grito primal animal de Marat Descartes, digno de qualquer antologia do Cinema, fazendo a ponte entre tudo o que havia de estranheza com o que sai das vísceras de um homem humilhado por gerência de recursos humanos nazista, que faz dos homens candidatos  a um emprego meros objetos, bonecos para manipulações humilhantes.  

Em “A Árvore da Vida” Jack é movido também à busca do Pai, da transcendência. Considero muita arrogância quem assiste a estes três filmes tão ricos, singulares e complexos ( principalmente o de Malick) uma única vez e já emite juízos definitivos. A rigor toda obra de arte tem de ser assistida, lida, ouvida, contemplada mais de uma vez. O que acontece com músicas que a princípio não nos seduzem, mas que depois de outras audições tornam-se repertórios de nossas vidas, também vale para todas as artes. O problema é que tudo agora é para ser rapidamente consumido, inclusive cultura. Está aí o gigantismo tolo persistente do Festival do Rio para confirmar isto (Leia http://pelaluzdosmeusolhos.blogspot.com/2010/12/consumir-cultura-e-um-bom-negocio.html?zx=f3d60ed952a9d86d  e  http://pelaluzdosmeusolhos.blogspot.com/2010/09/vem-ai-mais-um-festival-internacional.html ) .

Claro que há os fatores tempo, dinheiro, locomoção, oportunidades etc... que conspiram contra esta atitude necessária. Se críticos de arte pudessem, em muitos casos, não ter de dar respostas mais imediatas às mídias que os sustentam, creio que a História de todas as artes que temos como legado seria outra. Até mesmo os ensaístas são afetados por estes fatores circunstanciais.  

“A Árvore da Vida” ganhou a Palma de Ouro em Cannes 2011. Nas premiações de final de ano no mundo anglo-saxônico se destacou quase que como unanimidade “O Artista” de Michel Hazanavicius, um filme simplesmente muito bom, não havendo nada que o eleve ao patamar de clássico instantâneo. Até mesmo a premiação de Jean Dujardin é questionável. Brad Pitt está magistral no filme de Malick. É terno, cruel, fanático, pleno de fé, angustiado, opressor, sutil, oprimido, rude, agressivo, castrador, com religiosidade “fora de lugar”, com uma pletora de emoções das mais díspares. Já “Melancolia” recebeu o European Awards de Melhor Filme Europeu de 2011, dentre outros prêmios. Já um referendum amplo de críticos deu a “A Árvore da Vida” o status de Melhor Filme do Ano.  


PS1 O Deus Cronos (que come os próprios filhos ou as horas) está associado à melancolia/depressão e ao tempo.

https://consultapsicologo.com.br/2008/08/06/o-demonio-do-meio-dia-uma-anatomia-da-depressao-andrew-solomon/


PS2 Cabala corresponde a “A Árvore da Vida”. Mas o cabalismo se encontra em várias culturas, não apenas na judaica. Há judeus que se apoiam simplesmente no Torá, mas há outros que incorporam o cabalismo como o Rabino Nilton Bonder, que não por acaso escreveu “A Alma Imoral” que tanto sucesso fez e ainda faz no monólogo com desempenho assombroso de Clarice Niskier. O filme é uma viagem no tempo não cronológica que vai do Big-Bang a Jack atravessando um portal onde encontra redenção e se regenera, voltando para seu mundo.

 The End 

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Sobre Regras e Exceções 

Quando uma regra passa a ter um considerável número de exceções é por que nunca se tratou mesmo de uma regra. Pessoas por aí ditando regras sejam estéticas, ideológicas etc. já são suspeitas e de certo modo ridículas. Quando comparecem muitas exceções é algo mais ridículo ainda.

E nos lembremos de uma boutade de Millôr Fernandes: “Toda regra tem exceção. Esta é uma regra. Logo deve estar andando por aí, uma regra sem exceção.” 

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O Cinema, Principalmente, Como Um Contador de Histórias Pra Mim.

Muitos escritores relatam que houve pessoas importantes na família que foram boas contadoras de histórias. No meu caso só minha querida mãe exerceu esta função. Mas foi com limitações, pois havia muitas histórias interessantes exaustivamente reiteradas. Assim, em retrospecto, o grande contador de histórias para mim foi o Cinema, os quadrinhos, depois o Teatro e por fim a própria Literatura lida nestes anos todos, aliados às histórias que se pode depreender de muita coisa da MPB (Já repararam que Lupicínio Rodrigues é além de tudo o mais, um grande contador de histórias?) e as ditas reais, extraídas de jornais, revistas, docs., cursos livres feitos. Tudo isto é ainda conjugado com experiências pessoais (como incursões em cultos afro-brasileiros) e  observações privilegiadas de outras pessoas (incluindo artistas consagrados etc.). 

Este amálgama influenciou muito meus escritos, muitos ainda fantasmas de gaveta que estão clamando por arrombar cadeados.  Ainda bem que foi resolvido um problema de herança que se arrastou há mais de dez anos, mas infelizmente o mundo com Bozo exige cuidados financeiros redobrados e não sei quando  vou ter capital próprio para bancar minhas edições impressas, sem cortes de editores, em livros. Não me satisfaz ter textos só na web, que são só uma pequena parte do que já tenho escrito. E mais esboços anotados não faltam para serem mais trabalhados enquanto poemas, contos, crônicas de cinema etc. Mas não à exaustão. Não tenho nenhuma vocação para busca de perfeccionismos como Flaubert e João Cabral de Melo Neto tinham, por exemplo.

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Wim Wenders tem um dos títulos de filme, dos mais interessantes: “O Medo do Goleiro Diante do Pênalti”. Sempre que vou à Copacabana vejo sempre o mesmo filme: “O Medo do Camelô de DVDs Piratas Diante dos “Rapas” 

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O Beijo no Asfalto no Palco e nas Telas 

A montagem de “O Beijo no Asfalto” de César Rodrigues com Roberto Bomtempo é excelente. É uma das grandes obras-primas de Nelson Rodrigues, onde um homem atropelado agonizando pede a um estranho que o acode, se aproximando, que lhe dê um beijo na boca. Este ato poético de compaixão, generosidade será o estopim de uma desagregação familiar, de uma tragédia. Há muito machismo, truculência policial, sensacionalismo barato da imprensa, preconceitos que tecem ficções como se fatos fossem, (fake-news, para usar um termo da moda). É atualíssima. Vertiginosa. Nelson não dá um ponto sem nó. O texto não tem nada de datado. Foi escrito nos anos Jânio Quadros e sua temporada de um ano e meio no Teatro Ginástico, próximo à embaixada americana, região palco de muitos conflitos de rua após a renúncia com o “Fi-lo-por-que-quilo”, foi suspensa por segurança. Uma peça que foi escrita por encomenda para Fernanda Montenegro fazer Selminha. Não vejo nela nada de homofobia de Nelson ao mostrar o perverso sogro homossexual apaixonado pelo genro, corroído pelo ciúme. Não podemos esquecer que o autor é um anjo pornográfico. Não podemos enxergar só o substantivo ou o adjetivo. É nesta visão de mundo que Nelson desmascara grandes hipocrisias sociais e a alma dos seres caídos, sempre eivado de sórdida e pura poesia.

Leia

http://lionel-fischer.blogspot.com.br/2012/06/teatrocritica-o-beijo-no-asfalto.html

No Cinema, seguindo mais fielmente Nelson Rodrigues, Bruno Barreto fez em 1981 uma excelente adaptação, com excepcionais desempenhos, principalmente de Tarcísio Meira, num papel bastante difícil do sogro homossexual e ao seu modo perverso, com ciúmes doentios do genro, a quem ama secretamente, deflagrando uma tragédia. Murilo Benício fez em 2018 uma ótima e original adaptação, desta peça, se valendo de metalinguagem com atores em uma mesa de ensaio. Estes filmes se encontram abaixo, junto a uma versão de 1961.

https://www.youtube.com/watch?v=A-5Ssuv0fuw - O Beijo no Asfalto (1981) de Bruno Barreto.  

https://www.youtube.com/watch?v=qv0goBQgwNM - O Beijo no Asfalto (2018) de Murilo Benício.  

https://www.youtube.com/watch?v=AsX6W4774Ns - "O Beijo"(1964) de Flávio Tambellini ( pai, pois existe o filho cineasta e produtor de Cinema, homônimo)

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Existem os gays, lésbicas e bissexuais no armário. Mas também existe os “homofóbicos no armário”, ou seja, posam de liberais, simpatizantes, amigos do pessoal GLBTQI+ mas é tudo puro fingimento. Na hora em que algum desentendimento forte ocorrer (um “Deus da Carnificina” de Polanski/Yasmina Reza atacar...), pode surgir com toda força o preconceito enrustido (“Seu viadinho filho da puta!”, por exemplo). De forma análoga existe o racismo no armário. Pessoal GLBTQI+ e negros/morenos/pardos devem estar mais alertas e precavidos. 

(Com a era Bozo, muitos homofóbicos saíram do armário, despudoramente. Algo que não me surpreendeu dado a capacidade que este (des) governo tem de puxar pelo pior das pessoas. Mas e a lei que equipara homofobia a racismo, não pode ser acionada?- 18/11/2021)  

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O caminho mais curto entre dois pontos é uma reta, mas o mais bonito é uma curva bem sinuosa. As curvas do Pão de Açúcar são muito mais interessantes que o caminho reto do bondinho.

Quando faço uma ligação e ouço: “Seu recado será convertido em texto e enviado por torpedo” tenho vontade de puxar meu revólver.

Gosto muito da Língua Portuguesa, mas não ao ponto de estar disposto a servi-la. Eu gosto de me servir dela para expressar o que desejo/sinto. Minha pátria é minha língua até certo ponto.

Atenção bolsonaros, malafaias, crivellas, papistas e congêneres! Tirem os espinhos que lançaram no meu caminho, que eu quero e vou passar com meu amor.

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Prefiro muito mais ser  um Ed Wood das Letras do que um Orson Welles de maratonas culturais de sublimação, excessivas, ininterruptas, sem o menor vestígio de criação artística. Pra mim tem algo errado quando alguém vive embebido de Cultura por todos os lados e não se dispõe a nenhuma criação. 

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Seriam os críticos de modo geral, estilistas de idiossincrasias?

Essa grande obsessão de muitas pessoas trazerem para o tempo que passa, signos artificiais da juventude, me cheira a mofo.

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O Grande Diferencial Entre Arte e Pornografia 

O que distingue filmes de arte que abordam sexo de forma bem explícita (como “O Império dos Sentidos” (1976) de Nagisa Oshima, “Intimidade” (2001) de Patrice Chereau, “Desejo e Perigo”(2007) de Ang Lee, “Azul é a Cor Mais Quente”(2013) de Abdellatif Kechiche, “Um Estranho no Lago”(2013) de Alain Guiraudie, etc)  de filmes pornôs é a carga de emoções em suas variadas formas. Os filmes que eu chamaria de pornô (sem nada de moralismo) seriam aqueles onde não haveria a menor emoção nas relações explícitas, além de conter ângulos dos mais deploráveis em termos estéticos, onde se tem a impressão de vermos um parafuso sendo apertado, acrescidos de um clima que sugere mais uma prática de halterofilismo, uma ginástica vulgar. Estes me entediam profundamente. Os primeiros me deixam aceso, quando não despertam tesão. Sou um voyer. Mas um sofisticado voyer. Creio eu. Espero... 

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Não. Ele não vendeu a alma ao Diabo. Vontade não lhe faltava. É que já tinha vendido à Satanás.

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Da mesma forma que dizem “quem não cuida da política, a política acaba cuidando dele”, podemos dizer nós GLBTQI+ que “quem não cuida da religião, a religião acaba cuidando dele”. Eu, pelo menos, não tenho a menor vocação, para a servidão voluntária à repressão dos meus desejos mais íntimos e legítimos, me submetendo a obscuros desígnios, porque outros assim o querem, mesmo que se julguem autoridades em alguma religião.  

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1-Quando leio num jornal que certo líder político está em processo de fritura no Planalto, confirma minha impressão de que temos alguém na Caldeira do Diabo. Por pior ou melhor que seja um político, se governado por pessoas honestas, deve ser chamado logo para conversas claras e objetivas e decisões superiores imediatas devem ser tomadas. Frituras políticas me soam como atividades mafiosas homeopáticas, no mínimo, algo desprovido de noções éticas básicas.

2- “O deputado Arlindo Chinaglia, líder do governo na Câmara, está em processo de fritura no Planalto. Não se sabe se fritarão também suas guarnições no Ministério da Saúde e nas agências reguladoras do setor.” - Elio Gaspari 

Ps . Observem como Elio Gaspari naturaliza a fritura, esta perversão, como se fizesse parte da Ordem Natural da Política. 

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/61688-uma-ideia-para-as-cotas-nas-universidades.shtml 

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O Brasil anda tão mal que não sabemos mais nem quem é Luiza Erundina: aquela que desistiu de ser vice de Haddad pela foto de Lula com Maluf ou esta que agora é vista em fotos fazendo campanha para Haddad. Isto agora confirma o fio da suspeita que me acometia: afinal Erundina deixou de ser vice por causa da foto, mas teria continuado se estas costuras políticas tivessem sido feitas nos bastidores? Este pragmatismo desvairado vai nos conduzir ainda a mais pragas e abismos. 

( E conduziram mesmo. Caímos nas malhas do (des) governo Bozo- 18/11/2021) 

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O Planeta Jabor 

Não concordo com muita coisa a varejo que Arnaldo Jabor escreveu mais adiante. Ele continua ignorando a privataria tucana, segundo aguda acepção de Elio Gaspari; não comenta a compra de votos para reeleição de FHC; ignora o pé maldito do tripé do Plano Real que são os juros altíssimos que provocaram desendustrializaçao no país etc. Mas no atacado Jabor está corretíssimo. E eu prefiro mil vezes Jabor com suas hipérboles poéticas apocalípticas tucânicas do que o silêncio conveniente das Marilenas Chauís que não publicam mais nada na chamada grande imprensa, pois ela seria golpista. No atacado concordo em muito com Jabor e este mundo descrito por ele me assusta bastante também, ainda mais sendo homossexual, conhecedor do que podem fazer evangélicos fanáticos com as causas GLBTQI+s e outros “islâmicos”.

A esquerda apressada gosta de considerar Jabor reacionário e conservador. Mas pode ser assim quem nos legou obras-primas que são autênticos petardos direcionados à família burguesa ou de classe média,como "Toda Nudez Será Castigada (1973), "O Casamento"(1975) ( ambos baseados em obras de Nelson Rodrigues ) e, dentre outros, ainda "Tudo Bem (1978) ? 

https://www.youtube.com/watch?v=TQ-CmuWIz_A&t=80s

Toda Nudez Será Castigada - Filme Completo 

https://www.youtube.com/watch?v=BxNE7RGP_7E 

O Casamento - Filme Completo 

https://www.youtube.com/watch?v=aAtFNRyeKII&t=3063s

Tudo Bem - Filme Completo 

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Ou o Rio de Janeiro acaba com a cultura de VIPs com a fatia do Leão em espetáculos singulares (como os de Peter Brook no Rio de Janeiro) e a patuléia ignara, a choldra, a chusma indócil que se estapeie pelas sobras (este num caso mais agudo, dentre tantos outros) ou estes VIPs e patrocinadores acabam com a Cultura do Rio de Janeiro.

Entreouvido no Complexo do Alemão: “Meu filho, o que você quer ser quando crescer”. “Eu quero ser VIP para arrombar bocas livres”.

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Quando a barra econômica pesa, muitos executivos despedem não quem realmente presta para o trabalho, mas quem se presta a ...( vocês sabem.....).

O máximo de ironia é estar sendo torturado na Ditadura Militar ou numa delegacia do novo milênio e ouvir ao longe uma rádio tocando: “O melhor lugar do mundo é aqui e agora”. Lembremos de Millôr: “A música é a única arte que nos surpreende pelas costas”.

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Para chegarmos até à Arte podemos pegar os atalhos do coração, mas para atingir a Ciência não há como evitar os caminhos ásperos da razão.

Existe algo de muito errado em um mundo onde o que muitos homossexuais mais desejam receber de forma natural e legítima é por muitos dirigidos a outros em momentos de raiva extrema,  como se prazer e legitimidade nesta intimidação não existissem e sim vergonha. Ora, vão tomar...cuidado com frases tolas!


A grande genialidade de Nelson Rodrigues está em captar o que há de mais irracional nos sentimentos e relações humanas, dostoievskianamente, com a maior clareza e “lógica narrativa possível”, com histórias que fluem como água no torvelinho do ralo.


Há intelectuais que citam Adorno só para adornar suas pensatas.


O meu suposto niilismo é apenas um chiste diante do abismo: “A mim, não me tragas não”.

Acreditando estar pleno de altruísmos no fundo estava vazio com seus truísmos banais, simplistas, conformistas.

Quando alguém diz/escreve que acabaram todas as ideologias, esquece-se de que esta afirmação já é uma ideologia. O verso mais preciso de Cazuza seria: “Eu quero uma ideologia decente para viver”.

Brasil, de 1500 ad eternitatem: “Desculpem o transtorno. Estamos em obras.”

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Um dos quesitos para não sermos hipócritas é termos um razoável discurso teórico comprovado por nossa prática. Coerência total é impossível. Lembremos que aquele que disse “Amai-vos uns aos outros”, perdeu a paciência, com toda razão e expulsou com açoites os vendilhões do templo. Mas acrescento: há incoerências perdoáveis e outras nem um pouco.

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Ampliando Bertold Brecht: “Primeiro comer depois a moral”. Para os políticos eleitos, primeiro a moral, depois pensar /agir sobre como dar de comer aos famintos e demais cidadãos.  

Ah! Meu sacro-santo! Quanto pendor tenho para confundir/fundir o sagrado pelo/com o profano.

Para uns Deus é um delírio. Para mim é um colírio para as infecções das janelas da minha alma.

"Desde o Iapoque Até Nova York se Sabe, Que o Mundo é dos que Sabem que Toda Lenda é Pura Verdade" - Rita Lee 

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Um tanto de Cinema e Política  

Assisti o excelente doc. “Gabeira” (2017) de Moaçyr Góes,  infelizmente pouco visto, sobre a trajetória de vida de Fernando Gabeira, que esbanja lucidez, fazendo as necessárias auto críticas dos movimentos que abraçou, durante a vida, como a chamada Luta Armada.

Já com cheiro forte de filmes chapa-branca, que se depreende pelas entrevistas e pelo quem viu nos conta, não assisti nenhum filme que mostra Dilma como grande e forte mulher, com bastante resiliência, estoicamente sofrendo um golpe que estaria em curso. 

O fato é que Dilma reuniu, desesperada, com dinheiro público, várias claques, para dizer que estava sofrendo um golpe, primeiro dizendo que não fez pedaladas fiscais, depois que fez, mas quem não fez?

Observando-se gráficos do Banco Central vemos que ao contrário de presidentes anteriores, ela retirou bastante dinheiro de bancos públicos, numa linha bastante diagonal, para maquiar as contas e passar aos eleitores a falsa ideia de que seu governo foi um sucesso. Só que uma vez vencida a eleição contra Aécio, eleição esta apertada, ela se escondeu por um mês mais ou menos e tivemos um autêntico estelionato eleitoral: aumentaram os juros do Banco Central, os preços de energia elétrica, de combustíveis ( que ela irresponsavelmente mantinha represado, mesmo com Graça Foster, presidente da Petrobrás, sua amiga, querendo aumentar...).

Não esqueçamos que houve um julgamento no TSE para caçar a chapa Dilma-Temer, mas Gilmar Mendes (sempre ele) não deixou. O presidente da mesa disse que sobravam provas contra a chapa,  mas que iria ao velório deste caso, mas não carregaria o caixão.

As eleições que reconduziram Dilma à presidência, conforme não cansam de lembrar Marco Antonio Villa e Eduardo Gianetti da Fonseca (escritor e economista que trabalhou em programas da Rede) foram das mais sujas da nossa História. Marqueteiros pagos a peso de ouro do PT criaram filmetes vulgares onde se mostrava de forma sensacionalista e mentirosa que iria sumir comida dos pratos dos brasileiros, se Marina Silva fosse eleita e se dizia que ela era amiga de banqueira do Itaú. Ora, Marina Silva tinha sim uma amiga da família Setúbal, mas esta sempre esteve ligada à Educação, tendo inclusive trabalhado com Haddad na Prefeitura em São Paulo (e Dilma e marqueteiros deveriam saber disto!). Mas para derrotar Marina valia tudo!  

E o que fez Dilma quando eleita? Chamou para o principal cargo da área econômica, Ministério da Fazenda, Joaquim Levy, uma pessoa que já tinha sido Diretor Superintendente do Bradesco...E que além do figurino neoliberal, tinha elos com este grande banco.   

Dilma tinha discursos tortuosos repletos de nonsense e anacolutos. Difícil ela não tropeçar nos parágrafos que construía. O sociólogo e cientista político Bolívar Lamounier não perdoava Lula por ter escolhido Dilma, a “gerentona”, para ser sua sucessora na presidência. Pois um país não é uma rede de supermercados que precisa de um excelente gerente. Para ser presidente precisa-se de muitas habilidades e conhecimentos. Bolivar dizia: “Se ela fala assim, ela pensa assim também”. O desastre está a caminho. E Temer, mesmo que o odiemos, temos que reconhecer, recebeu uma herança bem maldita.




 A jornalista Míriam Leitão escreveu sobre este período, “A verdade é teimosa: Diários da crise que adiou o futuro”

“Não há governo que pare de pé quando o governante provoca uma grave crise econômica. Nos últimos dois anos, o Brasil passou por uma recessão severa, com um rombo inédito nas contas públicas. Depois de mais de vinte anos, a inflação voltou a visitar o patamar de dois dígitos. Em agosto de 2016, quando o Congresso afastou definitivamente a presidente Dilma Rousseff, o desemprego abatia mais de 12 milhões de brasileiros. Para a jornalista Míriam Leitão, a crise estava anunciada havia muito tempo, pois o governo fechou os ouvidos a todos os alertas e a todas as críticas, enquanto fazia escolhas desastrosas.” -  https://www.amazon.com.br/verdade-teimosa-Di%C3%A1rios-crise-futuro-ebook/dp/B01MT8X8SP 

Tenho a grande suspeita de que o esperto Lula escolheu Dilma para lhe suceder, com más intenções deliberadas, pois sabia que ela faria um mal governo e então ele voltaria para um novo mandato como grande Salvador da Pátria. Só que a mosca azul do poder picou Dilma ( um profissional da área psi me disse que o poder vicia tanto quanto uma droga pesada) e ela bateu o pé, mantendo sua candidatura à reeleição. 

A marqueteira do PT (aquela que gostava de mascar chicletes em público...), que passou muito tempo convivendo com Dilma, pois cuidava de muitos detalhes, contou que presenciou discussões homéricas entre Lula e Dilma, para a escolha de quem sairia candidato.  



O jornalista Celso Arnaldo Araújo lançou um livro sobre o linguajar peculiar de Dilma:

http://culturafm.cmais.com.br/diario-da-manha/jornalista-lanca-livro-que-analisa-os-termos-do-dilmes 


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Um Grande Amor Que De Perto é Natural 

Se não viu no Cinema, onde passou batido, não perca por nada o lançamento em DVD de “Elvis & Madona” (2010) de Marcelo Laffitte. O filme seria assinado por Pedro Almodóvar sem nenhum favor. Só que sai a Espanha e entra o Brasil pela ótica de Copacabana. O conceito de “de perto ninguém é normal” ou seu equivalente “de perto todo mundo é normal” almodovariano e caetânico encontra sua melhor expressão aqui, dentro da História do Cinema Brasileiro. 

Em suma trata-se de uma grande história de amor (improvável?) entre uma lésbica fotógrafa que ganha a vida entregando pizza Elvis (Simone Spoladore, esplêndida) e um travesti que vive como michê e sonha em fazer um grande show, Madona (Igor Cotrin, não menos esplêndido). Tudo no filme é excelente: direção, fotografia, roteiro (premiado no Festival do Rio), atores principais e coadjuvantes, montagem, música, com aparição sensacional de José Wilker. Os críticos estrangeiros que trabalham no Brasil deram prêmio este ano de interpretação aos dois atores principais, algo mais do que justo, o que me espanta não ter acontecido em outras premiações. A história caminha de forma vertiginosa até um desfecho arrebatador. Marcelo Laffitte precisava ter sido descoberto pela produtora El Deseo de Pedro e Agustin Almodóvar, que já produziu filmes de Lucrecia Martel. Mesmo passando batido, eu o vi três vezes, maravilhado. É um show de humanidade e humor, às vezes negro. O roteiro vive de dar rasteiras no comodismo e preconceitos do público médio. Espera-se que o filme encontre melhor o público de modo geral em seu lançamento agora em DVD. Como os de Almodóvar não é filme de gueto.

http://jornalculturaviva.blogspot.com.br/2012/07/lancamento-do-dvd-elvis-e-madona-no-rj.html

Ps . Infelizmente, com já adiantei, Lafitte morreu muito cedo, aos 55 anos. 

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Reiterando: temos textos de 6 de setembro de 2012, muitos atualizados, outros mantidos por os julgar ainda pertinentes, num esforço de memória, pois Ivan Lessa foi otimista quando disse que “De 15 em 15 anos, o Brasil esquece o que aconteceu nos últimos 15 anos”. O que tem acontecido nesta era de bolsonarismo perigoso desenfreado, pandemia bastante preocupante e certas oposições, como Lula, mais interessada em fazer Bozo sangrar, para ganhar eleição presidencial em 2022 (como se o país não fosse se arruinar mais) é que dia a dia o país esquece o que aconteceu no dia anterior. 

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Nelson de Souza- Nome de batismo

Nelson Rodrigues de Souza - nome artístico, incorporando o Rodrigues de minha saudosa e querida mãe Dolores Rodrigues de Souza. 

Meus irmãos trouxeram o Rodrigues para o nome de seus filhos. Eu, que como o Brás Cubas de Machado de Assis, “Não tive filhos. Não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria” , me vali da arte para fazer esta justiça, que só não fiz com meus documentos, pois a burocracia é absurda.