1- Provações no Labirinto da Pedofilia no Seio da Igreja Católica
Na primeira foto estamos eu, minha amiga Conceição e o ator Swann Arlaud que debateu "Graças a Deus" junto à plateia, depois da exibição do filme numa sessão no Espaço Itaú de Cinema-Botafogo, no Festival Varilux deste ano.
Na segunda, o ator em momento do debate.
As letras a) b), c) ..... .remetem a links associados do item 2 da postagem.
Assisti "Graças a Deus" (2019) de François Ozon no
Festival Varilux do Cinema Francês 2019, com estreia para quinta-feira 20/06 a)
“Graças a Deus” b) pelas grandes qualidades que apresenta está à altura do Urso de Prata /Grande Prêmio do Júri do Festival de Berlim 2019 que recebeu, com as benções de Juliette Binoche, presidente do júri.
Vide Sinopse mais alentada, trailer e créditos abaixo, no item 2-b.
Como Alexandre (Melvil Poupaud ) descobre que um padre pedófilo, Preynat, que o molestou anos atrás, ainda impune de crimes hediondos durante décadas, ainda trabalha com crianças em Lyon, há um ritmo de urgência que se cria para organização do projeto "A Palavra Livre" , com depoimentos de pessoas molestadas pelo padre, para lutar contra o estado das coisas, com ( o que é ainda mais grave) a conivência protetora de autoridades eclesiásticas, que acobertam o pedófilo, como o Cardeal Barbarin. .
Esta grande urgência de parar com pedofilia na Igreja, pois se trata de salvar crianças de grandes traumas possíveis, guardadas as devidas proporções, remete à obra-prima "120 Batimentos por Minutos" (2017) de Robin Campillo, pois este mostra a grande luta contra a Aids em seus primórdios, sem os coquetéis que conhecemos hoje, tendo em vista a omissão de autoridades e ganância de empresas, luta travada através do grupo ativista bastante criativo e ativo ACT UP. Um filme pouco visto até pelo pessoal GLBT, que merece muito ser procurado.
Dando tanto valor aos dramas individuais, como às estratégias políticas para denunciar o padre pedófilo, como também quem o acoberta durante anos, "Graças a Deus" corria o risco de se fragilizar e se tornar três filmes em um só, mas faz as conexões com brilhantismo, cumprindo a noção de, baseado em fatos e três pessoas reais ( um caso que chocou a França, já conhecido bastante, antes do filme ) e mostra pessoas que foram molestadas na infância pelo mesmo padre, com decorrências futuras diversas.
Um deles é um pai de família católico com 5 filhos que detona todo o processo; outro um ateu que de início. reluta, mas acaba tendo as ideias mais criativas, procurando agir sempre com rapidez, uma vez pensado o que fazer.
Por fim um proletário com problemas de várias ordens, alguém dotado de grande inteligência mas que se perdeu nos caminhos da vida, não conseguindo mais estudar e chega a ter ataques de epilepsia, quando confrontado com seus traumas de alvo de pedofilia, de forma bastante negativa, seja algo vindo da mulher ou de um médico. Até sua vida amorosa e sexual é bastante afetada.
"Graças a Deus" vai mostrar num forte e bastante significativo momento a grande ironia do nome do filme e sua perfeita síntese das grandes dificuldades que se opõem aos que lutam contra a pedofilia na Igreja Católica.
"Graças a Deus" se junta a "Frantz"(2016) como, provavelmente, os melhores filmes da bastante profícua carreira de François Ozon, ainda que seja mais convencional na forma, do que tantos outros deste fabuloso cineasta francês, com obra qualitativa e quantitativa bastante respeitável e sempre bastante instigante.
Em "Graças a Deus" as transgressões em termos de conteúdo são tão fortes (o filme dá nome aos bois corajosamente e encara pedofilia na Igreja Católica de frente o tempo todo, como nenhum outro filme que eu conheça) que cabe muito bem um figurino clássico na narrativa.
E se pensarmos melhor, nos "três filmes" muito bem entrelaçados, não deixa de haver ousadia formal.
Junto ao "O Clube" (2015) de Pablo Larrain , " Má Educação" (2004) de Pedro Almodóvar e "Spotlight-Segredos Revelados"(2015) de Thomas McCarthy, temos com "Graças a Deus", um amplo painel sob diferentes óticas, deste gravíssimo problema em que autoridades como o Papa Francisco ainda está tateando, patinando.
Para minha ansiedade, diante desta gravidade deste quadro de séculos, o atual Papa, relativamente progressista, ainda se porta de modo ainda muito frágil.
Tristíssimo, estamos em meados de 2019, mas ainda há muitos acobertamentos, paliativos e placebos sociais e “terapêuticos”, como veremos em “O Clube”, comentado bem mais adiante.
Como já se manifestou a ONU há poucos anos, antes do Papa Francisco ( mas "ela" e as pessoas tem memória curta) o Vaticano não pode, em nome de ser um Estado Independente, encrustado em Roma, acobertar ou punir apenas com transferências padres pedófilos ( pessoas criminosas e doentes, que como vimos, podem estar com continuidade em seus crimes) e os que são ainda piores, os que os acobertam. Ou seja, o Vaticano tem acobertado perigosos acobertadores de perigosíssimos pedófilos de batina.
A ONU pediu que religiosos católicos de qualquer nível hierárquico, pedófilos e criminosos, fossem entregues à Justiça comum. Mas cadê? Ela deveria ter ordenado e praticado sanções, pois afinal são de crimes contra a sociedade civil de que se trata, O espírito do mundo deve ser laico.
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Em Lyon políticos que fossem corajosos e legalistas, deveriam fazer valer as leis e levar o padre, o cardeal que o acoberta e afins à Justiça laica.
Quantos filmes mais ainda terão que ser feitos sobre este tema? Pelos letreiros finais podemos dizer que merece surgir uma franquia "Graças a Deus"..............
Melvil Poupaud confirma o grande talento mostrado nos pungentes "O Tempo Que Resta" (2005) de François Ozon sobre um homem jovem com doença terminal e a que segundos, minutos, horas e dias, dedicar o tempo que resta de vida e principalmente Laurence Anyways (2012) de Xavier Dolan, uma dolorosa história de um grande amor, onde o companheiro sente que tem um corpo que não deseja e quer ser mulher. Assim o casal oscila entre fugas e reencontros, ainda transparecendo amor.
Ela quer apoiá-lo, mas não quer perder seu amor. Neste sentido lembra o também extraordinário “A Garota Dinamarquesa” ( 2016) de Tom Hooper, com sublimes interpretações de Eddie Redmayne e Alcia Vikander( Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante, embora fosse protagonista )
A grande diferença, além dos estilos, entre os filmes é de tom. “Laurence Anyways” é mais desesperado.
Swann Arlau como o bastante desajustado e agressivo Emmanuel, que encontra no grupo “A Palavra Livre” um grande sentido para sua vida até então vazia, está excelente.
Denis Ménochet como o sanguíneo François, com grande importância na agitação política, está ótimo também.
Ozon é um grande diretor de atores e forma um grupo de coadjuvantes, com grande qualidade interpretativa. Não existe nenhuma ponta em que logo não enxerguemos um ser humano, uma vida por detrás, característica de grandes cineastas.
Houve dois processos contra o filme, um de uma psicóloga que nele aparece e do Cardeal Barbarin, mas François Ozon ganhou os dois na Justiça e seu filme pode circular livremente.
Seu filme é o mais explosivo sobre o tema, pois além de dar nomes, não economiza detalhes sutis de pedofilia quando necessário, até mesmo com flahsbacks, onde aparece o padre como guia de escoteiros e escolhendo um menino para seus delitos, afastando-se com ele do grupo ou até entrando numa tenda, com um garoto dentro.
Mas imaginamos o que acontece. Isto passa a ser mais forte do que é narrado ou insinuado. Lembremos que as narrativas de sexo em “Persona” (1966) de Ingmar Bergman, da personagem casada Alma de Bibi Andersson numa praia com amiga e estranhos, ganham mais força por serem justamente narradas e não mostradas.
Ela tenta fazer com a atriz que emudeceu e de quem cuida, Elisabet (Liv Ullman) uma espécie de terapia.
Ozon consegue efeito um tanto parecido em seu filme, mas claro que longe da profundidade de “Persona” de Ingmar Bergman que é um gênio do Cinema.
O filme já está cumprindo papel político bastante relevante para a luta que apresenta, como se fosse um doc.
Os três protagonistas reais assistiram o filme depois de pronto e gostaram muito do que viram, assim como o movimento “A Palavra Livre” como um todo.
Algumas informações do texto vem do ator Swann Arlaud, intérprete de Emmanuel, que esteve na sessão das 16:45 de sábado 08/09/2019 para conversa com a plateia após o fim do filme.
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Só olhando para o ator, já percebemos o quanto é excelente o seu trabalho no filme, pois em nada ele nos lembra seu bastante atormentado personagem.
Em momentos de confraternização pelas conquistas já alcançadas, mas havendo ainda muito pelo que lutar ( nesta questão melindrosa da pedofilia na Igreja Católica), o clima fica bastante tenso, pois as personalidades e visões de mundo ( incluindo as religiosas ) são díspares e uma proposta de apostasia para que todos se manifestem publicamente ateus, não vinga. Soa até como ofensa, pois há quem queira lutar contra este estado das coisas, mas estando no interior da Igreja.
Mas existe os desejos maiores que tudo isto e a tensão arrefece em nome deste grande bem comum, o que não deixa de ser mais um sinal político eloquente para um mundo onde as uniões se esfacelam por muitas intransigências, com autênticas infâmias conquistando o poder, pescando em águas turvas, mundo afora, incluindo o Brasil.
Ozon, que adora explorar gêneros diversos, o que consegue com bastante sensibilidade e competência, faz aqui quase que um thriller político da melhor safra de Costa Gavras. Mas, mesmo aqui, não deixa de fazer trabalho autoral que chamei de "O Planeta Ozon", pelas temáticas que aborda.
O impacto de "Graças a Deus" se amplia com Ozon tratando a sexualidade pedófila de forma frontal, sem economizar palavras e apelar em demasia para elipses, sendo que estas comparecem mesmo com força, devidamente, nos flashbacks com o padre e as crianças.
Escrevi sobre os filmes de Ozon no meu Blog. Vale a pena ler, para constatar o quanto Ozon faz um trabalho autoral, ainda que costume trabalhar com variados estilos e gêneros. Vide c)
François Ozon
No filme chileno “O Clube” d) padres pedófilos vão para um retiro onde uma freira traz a “receita” da cura: rezas como rituais para as diferentes fases de alimentação durante o dia a dia.
Há ainda padres que colaboraram com a ditadura militar para que crianças filhas de perseguidos políticos fossem adotadas por famílias de militares, um dos temais centrais do argentino “A História Oficial” (1985) de Luis Puenzo, Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.
Mas a “tranquilidade e eficácia” do “método” é colocada em xeque quando surge um padre psicólogo para entender a morte de um membro novo que não conseguiu se enturmar neste clube, o qual não é único do Chile, havendo vários assim, pelo menos na época em se passa o filme, onde veremos que nem tudo é o que parece ser e do que são capazes de fazer.
“Má Educação” de Pedro Almodóvar é quase como um intrincado film noir, com personagens que podem sempre surpreender, paara o bem ou para o mal.
O que é claro é que temos um cineasta em crise, Enrique, em busca de um filme por fazer e que encontra forte inspiração quando recebe de um ator procurando trabalho, Ignácio, o texto “A Visita”, parcialmente elaborado com experiências de vida que ambos tiveram, uma paixão num colégio católico onde o Padre Manolo os descobre transando e mentindo que perdoará Enrique, passa a ter Ignácio como alvo forte de pedofilia.
A rigor, Enrique é expulso do colégio, não valendo o sacrifício do parceiro, que se ofereceu em holocausto na pedofilias católica.
Num jogo de muitas surpresas vamos ter os efeitos devastadores de tudo o que aconteceu nas paredes internas recônditas, deste colégio anos atrás, contanto para isto com um roteiro bastante engenhoso, que retira linearidades fáceis de previsibilidades.
Almodóvar declarou em entrevistas que não foi molestado no Colégio Católico em que estudou. Mas se lembra muito bem de quem foi e quem molestou!
Já “Spotlight: Segredos Revelados” f) tem dois temas fortes que se entrelaçam: primeiro, o acobertamento de casos de pedofilia nos anos 80 em Boston, com vários tabus diante do tema que precisavam ser quebrados e, segundo, o elogio do jornalismo bastante investigativo, aquele em que jornalistas saem das redações e vão a campo atrás de dados, fatos e contatos, mesmo que sejam rechaçados., para pautas bastante relevantes
Hoje, com tantas informações on line, muita coisa é feita através de uma cadeira e um computador, podendo haver grandes perdas de qualidade de informações. Ou até mesmo em tablets na rua.
Sendo a operação “Spotlight”muito bem sucedida, assim como aconteceu com “A Palavra Livre” , muitos casos de pedofilia da Igreja, com as pessoas perdendo o medo, surgem em intermináveis telefonemas à redação do Boston Globe, em 2001, ano em que se passa o filme.
Nos letreiros finais a quantidade de casos de pedofilia da Igreja descobertas em muitos países, incluindo o Brasil é apresentada.
Mas há uma informação bastante inquietante e aterradora, nada comentada: o bispo que acobertou tudo durante anos, foi “exemplarmente punido”. sendo transferido de Boston para Roma!
Enquanto a sexóloga Regina Navarro Lins declara que o ser humano (homem ou mulher) não nasceu para a monogamia, a Igreja Católica ainda em meados de 2019, insiste no celibato de padres, bispos, cardeais, freiras e afins, como condição sine qua non para poder pertencer a ela. E não há nenhuma perspectiva hoje de que isto esteja para mudar.
Mas isso é algo que merece ser bem estudado em todas as suas consequências.
Um Freud básico nos fala do retorno do reprimido. O celibato compulsório e bastante desumano, pois atenta contra a natureza do bicho homem, pode, dentre outras perversões, degenerar na pedofilia.
Assim, uma forma de arrefecer a pedofilia no seio da Igreja Católica, é, creio eu, acabar com essa crueldade de séculos, que é esta exigência absurda.
Em g) temos entrevista bastante interessante de Bruno Carmelo, ( com a colaboração de Maria Clara Guedes) do site AdoroCinema com os atores de “Graças a Deus”, Denis Ménochet e Swann Arlaud.
Ps. 1
Com a estreia de “Graças a Deus”, Carlos Heli de Almeida fez excelente matéria para o Globo que saiu na quarta-feira 19/06, disponível para assinantes, cujo link está em h)
Pela parte final da matéria, constata-se como o Papa Francisco é ainda bastante limitado, corporativo e frágil na luta contra a pedofilia na Igreja, não agindo energicamente num caso tão escabroso e com tantas evidências de acobertamento, com os inúmeros depoimentos.
Senão, vejamos:
( O novo processo contra Barbarin se arrastou até março deste ano, quando foi sentenciado a seis meses de prisão com sursis. Seus advogados apelaram, e outro julgamento está marcado para setembro — o caso de Preynat será retomado em algum momento ainda este ano. Duas semanas depois da sentença, Barbarin pediu demissão de suas funções ao Papa Francisco, mas este negou o pedido, alegando “presunção da inocência”.)
(Sic)....só me resta acrescentar.
Há ainda uma entrevista com o ator Swann Arlaud, que veio ao Brasil para apresentar o filme na Mostra Varilux, em i) também para assinantes.
Uma crítica que assino embaixo é a de Robledo Milani em Papo de Cinema. Vide j)
Nelson-14/06/2019
Ps. 2 Em “O Globo” de Domingo 30.06.2019 na parte Mundo, temos uma excelente e alentada entrevista que é um complemento bastante pertinente ao que já se escreveu na postagem. Ela pode ser lida em K)
Nelson- 01/07/2019
2) Links Associados
a) http://variluxcinefrances.com/2019/filmes/gracas-a-deus/
b) http://www.adorocinema.com/filmes/filme-263132/
“Graças a Deus”- Sinopse / Trailer / Créditos
Um dia, Alexandre (Melvil Poupaud) toma coragem para escrever uma carta à Igreja Católica, revelando um segredo: quando era criança, foi abusado sexualmente pelo padre Preynat (Bernard Verley). Os psicólogos da Igreja tentam ajudar, mas não conseguem ocultar o fato de que o criminoso jamais foi afastado do cargo, pelo contrário: ele continua atuando junto às crianças. Alexandre toma coragem e publica a sua carta, o que logo faz aparecerem muitas outras denúncias de abuso, feitas pelo mesmo padre, além da conivência do cardeal Barbarin (François Marthouret), que sempre soube dos crimes, mas nunca tomou providências. Juntos, Alexandre, François (Denis Ménochet) e Emmanuel (Swann Arlaud) criam um grupo de apoio para aumentar a pressão na justiça por providências. Mas eles terão que enfrentar todo o poder da cúpula da Igreja.
c) http://pelaluzdosmeusolhos2.blogspot.com/2017/07/frantz-e-o-planeta-ozon.html
“Franz” e o Planeta Ozon
d) http://www.adorocinema.com/filmes/filme-234798/
“O Clube”- Sinopse- Trailer- Créditos – Criticas .
e) http://www.adorocinema.com/filmes/filme-52306/
“Má Educação”- Sinopse- Trailer – Créditos
f) http://www.adorocinema.com/filmes/filme-222271/
“Spotlight: Segredos Revelados” – Sinopse – Trailer – Créditos
g) http://www.adorocinema.com/noticias/filmes/noticia-148561/
Festival Varilux de Cinema Francês 2019: "Aprendi a dar valor ao que as crianças falam", explicam atores de Graças a Deus, drama sobre pedofilia na Igreja (Exclusivo)
Por Bruno Carmelo, com a colaboração de Maria Clara Guedes — 09/06/2019
h) https://oglobo.globo.com/cultura/filmes/gracas-deus-revive-escandalo-de-pedofilia-na-igreja-da-franca-23748959
'Graças a Deus' revive escândalo de pedofilia na Igreja da França
Filme de François Ozon, que estreia nesta quinta, reconstrói episódio ocorrido na diocese de Lyon a partir do relato de suas inúmeras vítimas
Carlos Helí de Almeida, especial para O GLOBO
19/06/2019
i) https://oglobo.globo.com/rioshow/nao-vem-escrito-na-testa-que-ele-foi-abusado-so-ele-sabe-diz-ator-de-filme-sobre-caso-de-pedofilia-23748818
Longa 'Graças a Deus', que estreia nesta quinta (20), foi lançado em Berlim dias antes do processo contra o cardeal que ignorou denúncias ( Fiz uma correção, pois é Berlim e não Cannes- Nelson)
Bruno Calixto
19/06/2019
j) https://www.papodecinema.com.br/filmes/gracas-a-deus/
Crítica de Robledo Milani para o site Papo de Cinema.
'A cultura do segredo permitiu a proteção de abusos', diz autor de 'No armário do Vaticano'
Frédéric Martel afirma que a onipresença de homossexuais na Igreja se configurou em um sistema, com tendência homofóbica e papel importante nos jogos de poder e escândalos
Fernando Eichenberg, especial para O Globo
30/06/2019
PARIS – Durante quatro anos, o sociólogo e jornalista francês Frédéric Martel mergulhou na Igreja Católica e no Vaticano , com temporadas em Roma e viagens por mais de 30 países. Realizou cerca de 1.500 entrevistas, incluídos 41 cardeais, 52 bispos e monsenhores, 45 núncios apostólicos e mais de 200 padres e seminaristas. Sua investigação resultou no livro de mais de 600 páginas “No armário do Vaticano — poder, hipocrisia e homossexualidade” (Objetiva), com edição brasileira prevista no início de julho.
Martel procura mostrar como a onipresença de homossexuais na Igreja e nas altas hierarquias do Vaticano, em uma cultura do segredo, se configurou em um sistema — e não um “lobby gay” denunciado pelos ultraconservadores —, com papel importante nos jogos de poder e nos escândalos da instituição. Defende Francisco como um papa “gay friendly”, embora com lógicas limitações, e aponta um complô do campo dos conservadores radicais para forçá-lo à renúncia. Às vésperas de viajar ao Brasil para a promoção do livro, Frédéric Martel conversou com O GLOBO na capital francesa.
Sua tese é a de que a homossexualidade se transformou em um importante sistema na Igreja e dentro do Vaticano...
O que interessa não é se o cardeal A, o bispo B ou o padre C sejam gays, mas como uma estrutura, por razões essencialmente ligadas ao celibato e à castidade, atraiu, recrutou e promoveu um número espetacular de homossexuais em seu interior. A homossexualidade foi também, por muito tempo, uma das chaves da vocação de um número importante de padres, embora não a única. Não quer dizer que não sejam verdadeiros padres ou que não creem em Deus. Mas alguém que se sentia um pária como homossexual na sociedade, ao entrar para a Igreja, virou um santo. E vive entre homens, pode usar a voz aguda e se vestir como mulher sem ser zombado ou atacado. Nos anos 1950-1960, a homossexualidade era um crime por todo lado no mundo. Para entender a situação de cardeais que hoje estão com 80 anos, é preciso se colocar no contexto da época. Eles não vivem em 2019, mas na homossexualidade de sua juventude. Enquanto não se entender isso, não se poderá compreender o Vaticano.
O senhor denuncia a “hipocrisia” e a “esquizofrenia” — dois termos utilizados por Francisco — desta situação em relação ao discurso da Igreja.
Sou openly gay . Não vejo nenhum problema que um cardeal seja gay. Conheci muitos, convivi com eles, e tenho boa relação com eles ainda hoje, após a publicação do livro. Prefiro que um padre tenha um namorado ou uma mulher do que abuse de uma criança de 10 anos. É simples assim. E todos aqueles que não compreendem isso, são implicitamente defensores do cover up dos abusos sexuais. Penso que a castidade é profundamente contra a natureza, e a homossexualidade, não. Que os religiosos estejam em infração em relação às normas da Igreja, é problema deles. Interessa o aspecto legal, e a lei, no Brasil como na França, autoriza a homossexualidade desde que seja com um adulto em uma relação consentida. Mas a Igreja culpabilizou milhões de pessoas no mundo, dizendo que é proibido o sexo antes do casamento, que não se deve divorciar, masturbar, ser homossexual etc. Multiplicou os postulados morais, criando culpa e sofrimento em muitas famílias. Sem falar no fato de que interditou o uso de preservativos, no momento em que uma epidemia iria causar a morte de mais de 35 milhões de pessoas no mundo. Hoje, a maioria das pessoas têm relações sexuais antes do casamento, um grande número se divorcia, e todas elas são culpabilizadas, não têm o direito de comungar por causa desses “pecados”, enquanto se descobre que os cardeais levam uma vida ainda mais “desvergonhada” do que aquelas que criticam. Sem falar dos abusos sexuais, que são ainda mais graves. Mas não escrevi este livro para atacar os cardeais, pois penso que eles mesmo são vítimas do armário e deste sistema.
O senhor descreve este sistema como um rizoma, um “Fifty Shades of Gay” (Cinquenta tons de gay).
Em português, o livro se chama “No armário”, algo que tenho certa dificuldade em entender. Porque não há apenas um, mas dezenas de milhares de pequenos armários. E todos estes indivíduos estão isolados. É um tema totalmente tabu. Eles não falam disso entre eles e também não se revelam. Os cardeais me falavam muito de outros cardeais homossexuais, mas nunca deles mesmos. Essas pessoas no armário e isoladas criam relações atípicas, com um chofer, um assistente, o núncio com um padre etc. E, por vezes, são relações abusivas, porque hierárquicas, do tipo #MeToo e da promoção do sofá.
Padres passam pela Guarda Suíça no Vaticano Foto: Remo Casilli/ Reuters/ 8/6/2019
Haveria uma regra não escrita na Igreja: quanto mais alguém é homofóbico, mais chances há de que seja ele mesmo homossexual?
Tenho muita certeza disso. Quando encontrei os cardeais Omella Omella ou Walter Kasper, por exemplo, e conversamos sobre homossexualidade ou celibato, tinha diante de mim duas pessoas com argumentos, que se exprimem em uma lógica de um debate normal. Mas um outro cardeal, obcecado da manhã à noite pela questão homossexual, que só pensa na teoria de gênero, no lesbianismo, enquanto há tantos problemas graves no mundo, como a fome, a pena de morte etc, se pode dizer que têm um distúrbio com isso. Se pegarmos o escritor Marcel Proust, o ex-chefe do FBI Edgard Hoover e outros casos idênticos, é uma regra bastante clássica: o gay é muito homofóbico quando quer esconder sua homossexualidade. Não é contraditório ser homossexual e homofóbico , mas uma consequência. Basta olhar os cardeais mais obstinados com este tema para que as dúvidas se instalem.
Uma cultura do segredo favoreceu a cobertura de casos de pedofilia e de abusos sexuais, e muitas denúncias não teriam sido feitas, na sua opinião, em um jogo de chantagem: “Você não denuncia o meu crime e eu não desmascaro sua homossexualidade.”
Esse código da homossexualidade interior e da homofobia exterior é bastante frequente, e tudo isso contribuiu a uma cultura do segredomuito forte e antiga, com indivíduos isolados. Não é um segredo que todo mundo partilha. E se alguém é desmascarado, o sistema permanece no lugar. Essa cultura do segredo, que vale também para o dinheiro ou para o fato de se estar com uma mulher, é utilizada por pessoas com comportamentos condenáveis, de delitos ou crimes, e que foram protegidas por um sistema que privilegia a instituição ao indivíduo e à vítima. Uma vez essa estrutura implantada, à qual todo mundo obedece e ninguém fala para proteger a instituição e a si mesmo, se cria um método generalizado de cover up (cobertura), que hoje é considerado na América Latina, por exemplo, como um sistema de crime organizado. Pois é uma instituição que, de forma organizada, protege criminosos. Foi o caso, certamente, dos padres Marcial Maciel, no México, e Fernando Karadima, no Chile, mas também de ocorrências no Brasil e em outros países. E a cultura do segredo permitiu essa proteção dos abusos, por medo ou chantagem.
Se lermos os textos e as encíclicas de João Paulo II e Bento VXI, percebemos que há uma confusão imensa entre duas coisas suscetíveis de levar ao inferno. Uma relação consentida com um adulto, seja heterossexual ou homossexual, antes do casamento ou após o divórcio, é algo condenável para a Igreja. É igualmente condenável abusar de ummenor . Os dois casos são considerados praticamente em igualdade. Um bispo homossexual face a um abusador de crianças vai culpabilizar, enquanto não deveria, e colocar basicamente no mesmo nível um crime real e algo que é simplesmente uma visão da Igreja, mas não um problema do ponto de vista legal. Enquanto a homossexualidade dospadres não for reconhecida, eles não poderem se casar, será impossível sair desta cultura do segredo. E uma cultura que favorece os abusos sexuais. Todos aqueles que não querem ver essa relação, é porque estão interessados em preservar a miragem da castidade. Pensar que isso não possa ter consequência nestes crimes é uma aberração.
O lobby pró-gay na Igreja seria uma invenção dos ultraconservadores?
No meu livro, elimino de uma vez por todas o argumento da extrema direita de dizer que existe um lobby pró-gay para destruir a doutrina. Mostro que não há lobby, pois isso implicaria indivíduos que se reconheceriam entre eles como homossexuais e com uma política pró-gay. O que temos são indivíduos que escondem sua homossexualidade dos demais e que têm uma política homofóbica. É tudo, menos um lobby. O erro da extrema direita é enorme, pois não compreende o que se passa. A homossexualidade está generalizada, tanto à direita como à esquerda. Temos clãs que se opõem, por razões de poder, ideológicas ou pessoais — de rupturas ou vinganças amorosas —, e que são todos homossexuais. É a citação de Oscar Wilde, usada em “House of cards”: “ Everything in the world is about sex, except sex. Sex is about power ” (Tudo nesse mundo é sobre sexo, exceto sexo. Sexo é sobre poder). Na estrutura do Vaticano, poder e sexo têm um papel importante.
“Se a pessoa é gay, procura a Deus e tem boa vontade, quem sou eu para julgá-la?”, disse Francisco, que já condenou também a “vida dupla”.
Seria o papa mais simpatizante em relação aos homossexuais?
É uma excelente questão com uma resposta muito difícil. Se comparamos Francisco com os papas precedentes, pode-se dizer que é gay friendly. Se comparamos com os militantes gays do bairro Marais, em Paris, se dirá que é extremamente conservador. É um argentino, peronista, de 82 anos e jesuíta. Isso já diz muito. É alguém que viveu em um outro mundo e outra época. Não se pode esperar que vá à parada gay de Roma ou que esteja na vanguarda da teoria de gênero. Mas é alguém extremamente gay friendly face a uma situação individual. Em relação a um homossexual ou a um cardeal, bispo ou padre sobre o qual fica sabendo que é gay, inclusive praticante, vai estar na empatia e não no julgamento ou na punição. O que é uma grande diferença em relação a Bento XVI e João Paulo II. É alguém que vai sempre defender a escuta em relação aos homossexuais e se mostrar favorável as suas escolhas. Ele disse a muitas pessoas, individualmente: “Deus te fez como tu és, te ama como és.” Por outro lado, quando se trata de movimentos organizados ou da utilização da homossexualidade como arma política, é muito conservador, e mesmo bastante violento.
Permanece um virulento oponente da teoria de gênero e do casamento gay . Defendeu silenciosamente as uniões civis para que não se fosse adiante no casamento gay. Silenciosamente porque não se mobilizou contra e, como se sabe, para um jesuíta, não falar já é falar.
Frédéric Martel, autor de 'No armário do Vaticano' Foto: Divulgação
Em seu livro, o cardeal Walter Kasper defende que Francisco avança a “pequenos passos”: não à ordenação de mulheres e ao fim do celibato dos padres, mas um aceno para mudanças em relação ao divórcio. Por outro lado, o senhor relata que o Papa proibiu que no correio recebido pelo Vaticano sejam respondidas cartas de homossexuais. Qual a verdadeira intenção do pontífice?
Ele foi alguém criado no que se chama Teologia do Povo , uma versão argentina da Teoria da Libertação . É uma teoria relativamente progressista e, ao mesmo tempo, como o marxismo em geral, com um filtro de leitura essencialmente social, que não levou em conta as questões de raça e de sexo. Esse é o problema e a particularidade de Francisco. Os teólogos da Libertação, como Leonardo Boff, Frei Betto ou Gustavo Gutiérrez, evoluíram. Frei Betto acaba de publicar um livro sobre a questão de gênero. São três personagens, que se pode pensar heterossexuais, que foram muito criticados pela Igreja Católica, principalmente por cardeais radicais de direita, que os acusavam de desvios e não ortodoxos. Esse cardeais, como Alfonso López Trujillo, eram homossexuais praticantes. É interessante ver que os “anormais” não estavam onde se pensava. Francisco vai ter uma visão sobre as questões migratória, social e do capitalismo que tem esse filtro de leitura. Não teve a mesma evolução dos teólogos da Libertação, talvez porque eles foram marginalizados na Igreja e puderam trabalhar mais nos conceitos, enquanto Francisco é um arcebispo e cardeal poderoso, tomado pelo sistema do qual é um dos porta-vozes há muito tempo.
A relação com representantes da Teologia da Libertação foi apaziguada...
Boff é um dos que escreve os textos do Papa, principalmente a encíclica “Laudato si”. Frei Betto o encontrou. Gutiérrez é adorado pelo Papa. O que o aproxima da Teologia da Libertação é, evidentemente, a prioridade em relação aos pobres, uma volta às fontes do cristianismo, para valores de solidariedade, de hospitalidade.
O senhor teve algum retorno do Papa em relação ao seu livro?
Tive a informação de que ele leu o livro e disse que havia achado “bom”, e que sabia de tudo isso que está relatado. Havia enviado um exemplar em espanhol para o Papa antes da publicação. Ele não ficou chocado com o que leu. Se há uma pessoa que está bem informada, e que sem dúvida foi o primeiro papa que entendeu tudo isso, é Francisco.
A Congregação para a Educação Católica publicou este mês um texto convocando à resistência contra a teoria de gênero, com citações de João Paulo II, Bento XVI e também de Francisco. Em 2015, o Papa recebeu um transexual e sua namorada no Vaticano. Como analisa isso?
Esse texto não foi assinado por Francisco. É um jogo complexo. E não há nenhuma credibilidade no fato de a congregação fazer um texto desses quando se sabe que dois de seus ex-dirigentes, Pio Laghi e William Wakefield, eram ativos homossexuais. Falo desses dois porque estão mortos, mas poderia acrescentar muitos outros nomes da mesma congregação. É a Igreja que fala para a Igreja. É ridículo e ao mesmo tempo engraçado. Eles atacam a teoria de gênero porque são a própria encarnação dessa teoria.
O senhor cita o cardeal Raymond Burke — e seu instituto Dignittatis Humanae — que, além de receber pessoalmente o líder italiano da direita radical Matteo Salvini, tem o apoio do ultraconservador americano Steve Bannon, ex-conselheiro do presidente Donald Trump. Como é essa aliança da ultradireita americana com a direita radical do Vaticano?
'No armário do Vaticano", de Frédéric Martel, afirma que muitos homossexuais buscaram abrigo na Igreja Foto/ Divulgação
Pode-se acrescentar o fato de que o cardeal Robert Sarah foi financiado por fundações da extrema direita americana, em mais de € 1 milhão, o que pude provar. É algo complexo a analisar. Jantei em tête-à-tête com Bannon. É surpreendente, mas ele adorou o livro, me disse que era a obra do ano. Ele tem sua própria lógica política, na qual a sexualidade não é importante. Como seu objetivo é que os católicos sejam associados à grande batalha contra a China nacionalista, a Rússia e o Islã, quer que todo mundo esteja unido. Como a questão sexual divide a Igreja e muitos cardeais são gays, pensa que se deve parar com essas questões e se concentrar nos verdadeiros temas, a imigração, o islamismo etc.
Já a lógica de Burke é diferente, é ultraconservadora incluindo o tema da sexualidade, talvez mesmo como prioridade. Ele é obcecado por isso. As fundações americanas podem ter objetivos variados, mas há um movimento extremamente ultraconservador que se une em um ponto, Trump e Bannon incluídos: a detestatação do Papa Francisco . Algo bastante novo na Igreja é que há cardeais que, hoje, querem que Francisco renuncie. Não o dizem publicamente, mas organizam essa renúncia. Houve a carta do arcebispo Carlo Maria Viganò , os livros de Sarah, as intervenções de Burke, de Gerhard Müller, Brandmüller e a carta “A Dubia”, na época de Carlo Caffarra et Joachim Meisner. Tudo isso vai na mesma direção.
Para mim, Francisco é uma papa gorbatcheviano, não tem como vontade a destruição do sistema, ao contrário, quer salvá-lo. E compreendeu que para salvá-lo era preciso fazê-lo evoluir muito rapidamente, pois a situação é grave. Como sempre, é quando se começa a mudar as coisas e querer salvar o sistema, que ele começa a desmoronar. É o que vemos de maneira muito forte na Europa Ocidental: entre 1,8% e 2% dos franceses vão à missa aos domingos. O catolicismo desapareceu. Vemos isso também na Espanha ou na Itália, sem falar da Alemanha ou da Áustria, onde é completamente dissidente. Ao mesmo tempo, nos EUA, progride enormemente, em grande parte graças aos mexicanos. Também cresce relativamente na América Latina e na África. E há sucessos em países da Ásia. O catolicismo está ao mesmo tempo morrendo em certos países e renascendo em outros.
A situação do Papa é frágil?
A crítica é muito forte nas mídias da extrema direita e entre certo número de cardeais. Mas (Raymond Leo) Burke é uma caricatura, não existe. (Gehard) Müller foi demitido. (Carlo) Caffara e (Joachim) Meisner morreram. Ninguém sabe quem é (Walter) Brandmüller. (Robert) Sarah é um fanático que fala francês. Francisco é um papa extremamente amado pela população mundial, em relação a Bento XVI é muito mais popular. A crítica em relação a Bento era bem mais violenta por parte dos progressistas, que se expõem bem menos midiaticamente do que os conservadores. Francisco é criticado pela direita ultraconservadora, é acusado de não respeitar a doutrina. Creio que ele é bastante sólido. Mas toda a questão é saber quanto tempo irá viver e ser papa. Se falecer ou renunciar em dois ou três anos, o trabalho de reforma da Cúria e, sobretudo, do colégio cardinalício não terá terminado. Nesse caso, tudo será possível, inclusive um retorno muito forte dos ultraconservadores, que poderão mesmo fazer uma limpa nos anos Francisco. Mas se viver ainda cinco, dez ou mais anos, poderá mudar o colégio de forma irremediável, e o cenário será outro. É o que faz Francisco. Ele perdeu a batalha do sínodo, sua estratégia é mudar os cardeais.
Como vê a Igreja brasileira neste contexto?
É uma das chaves da explicação dos problemas de Francisco, que não está ligada à oposição de extrema direita. É um problema de posicionamento em relação aos evangélicos. Como estrategista que é, e conhecendo bem a América Latina , sabe que sendo mesmo que eventualmente pró-gay ou pelo casamento dos padres, isso poderá prejudicar muito a Igreja em países como o Brasil, e abrir um bulevar não somente para minicismas e dissidências, mas também para os evangélicos . Vista a força dos evangélicos no Brasil , mas também em outros países da América do Sul e na África, como estrategista Francisco não pode negligenciar esses elementos. Ele tem um posicionamento que integra essa dimensão, e que não vemos daqui porque a realidade é outra.
3- Este programa Conversa com Bial de 30/07/2019 é também um ótimo completo à postagem em questão. Daí sua inclusão à posteriori.
https://globoplay.globo.com/v/7806237/programa/?s=06m33s
Conversa com Bial
Programa de 30/07/2019
41 min
O Conversa com Bial quebra o tabu sobre abuso sexual na Igreja Católica e recebe vítimas no programa desta terça-feira. Uma delas é o jornalista Lélio Fabiano dos Santos, autor do livro “O Silêncio do Rio Comprido”, onde relata sua experiência de 10 anos no seminário e expõe o assédio sexual de sacerdotes.
Também comparece Fréderic Martel que está lançando “No Armário do Vaticano: Poder, Hipocrisia e Homossexualidade”.
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