O Amor dos "Fora-da-Lei" do Desejo Hegemônico em Tempos de Cólera
Atenção: Texto com spoilers, ou seja, detalhes fundamentais dos filmes “O Segredo de Brokeback Mountain”,“Capote” e “Crash-No Limite” são antecipados.
O título em português acrescenta o clichê ridículo “O segredo de....”. No texto sobre o filme, este será simplesmente “Brokeback Mountain”, título original.
Ennis Del Mar (Heath Ledger) em "Brokeback Mountain"(EUA/ Canadá/2005) de Ang Lee, em sua infância foi levado pelo pai para ver um "homem que vivia com outro homem" assassinado da forma mais bárbara possível, com estraçalhamento até do pênis ( seu pai provavelmente havia tomado parte no justiçamento). Quando a mulher (Anne Hathaway) de Jack Twist (Jack Gyllenhaal) narra a morte do marido por telefone, que "teria se afogado no próprio sangue" antes de ser socorrido num suposto acidente com pneu explodindo, vem imediatamente à mente de Ennis, flashs da violência que o amante sofreu e que é análoga à que imagina que aconteceu na sua infância, cuja consequência final foi a hedionda cena traumática que presenciou. A ficha cai: seu parceiro da montanha Brokeback Mountain foi assassinado, a mulher dele está mentindo. No encontro com os pais de Jack, Ennis toma conhecimento que o amante frequentava o sítio deles com um amigo. O sonho que Jack não conseguiu realizar com Ennis, com amor, tentou desesperadamente com outro. Talvez com aquele "bonitão" casado que se mostrou entediado com a mulher no baile e sentado junto a Jack lembrou que tinha um lugar acolhedor. Quem pode afirmar ou negar?
Se Ennis tivesse vencido seus traumas e resistências (homofobia internalizada) e decidido acompanhar Jack em seu projeto "de terem um lugar só deles" o desfecho não teria sido muito diferente. A diferença é que provavelmente os dois morreriam e não só Jack, ao menos que tivessem se deslocado para bem longe do atrasado Wyoming (onde se passa o filme), num lugar que não seria um rancho mas menos homofóbico, algo que estava fora das possibilidades dos dois amantes.
Com todo este quadro de eventos bastante pertinentes para o contexto hiper-repressor do Wyoming, há quem ainda desqualifique o trabalho como mais um "martirológio gay". Um ditado popular é a melhor resposta: “pimenta nos olhos dos outros é refresco...”.
Há quem aponte no trabalho de Ang Lee mais um retrato clichê de gays infelizes ("como se não houvesse gays felizes no mundo"). Basta aqui lembrar Jorge Coli na Folha de São Paulo: dois caubóis vivendo felizes num rancho dificilmente geram um bom filme; seria mais um conto da carochinha... E mais: os acontecimentos do filme evoluem de acordo com uma percepção clássica de se fazer cinema, onde um jogo de xadrez emocional intrincado vai sendo construído de acordo com os lances dos personagens (há uma coerência dramatúrgica interna possante).
Há ainda quem de uma forma mais sofisticada considera o caubói Ennis Del Mar, reduzido à solidão e à pobreza do trailer onde passa a morar, "sem armas e sem vilões a combater, representando o tempo que já passou", um homem que sem projeto, "ilustra o arcaísmo desse pensamento que de certo modo continua a pautar o ideário norte-americano, em especial o governo Bush". Trocando em miúdos: quem seria uma representação da "vítima" de um estado de coisas passa a ser "algoz"... Saindo do tema da homossexualidade, é como se o caixeiro viajante de Arthur Miller em “A Morte do Caixeiro Viajante”, iludido com o sonho americano tornado pesadelo, fosse o único responsável por sua encruzilhada existencial e não uma sociedade forjada em mitos de pés de barro. Para quem quiser personagens realmente emblemáticos desse pensamento arcaico que em sua evolução criou este nosso mundo caduco e truculento, é essencial uma visita a "As Pequenas Raposas", peça de Lilliam Hellman (transformada no filme “Pérfida” /The Little Foxes- (1941) de William Wyler com Bette Davies), onde uma elite americana do algodão (os Hubbards), atormentada em trapaças mútuas e fracas resistências, em 1900, à sua maneira choca seu “ovo da serpente” (“Há centenas de Hubbars sentados em salas como esta, em todo o país. Não se chamam Hubbard, mas são todos Hubbards. Eles vão mandar e conduzir o país algum dia. E nós iremos com eles.”- comenta o mais velho, o solteirão Ben).
Ang Lee não cansa de enfatizar que seu filme no fundo é uma grande história de amor. Não deixa de ser verdade: é uma das mais belas histórias de amor do cinema. Mas o que não se pode afirmar é que tanto faz: que poderíamos imaginar personagens heterossexuais naquela situação. Uma ideia capenga, pois todo o roteiro é estruturado de forma a nos mostrar a evolução de uma história de amor ENTRE HOMENS, que só tem os desdobramentos que tem porque são homens! Em “A Filha de Ryan”(1970), mais um grande épico (subestimado) de David Lean, a adúltera Rosy vivida por Sarah Miles tem seus cabelos cortados, mas os requintes de crueldade contra Rosy, não se comparam aos sofridos por Jack Twist, que as reminiscências de Ennis nos fazem prever, dentre outras evoluções da narrativa.
A explosão de Alma (Michelle Williams) na cozinha com Ennis, estando o novo marido na sala, depois de anos contida, não teria a força que tem se o flagra silencioso que deu não tivesse sido num beijo de seu então marido com outro homem, algo que ela nem compreende.
Para quem se incomoda com a ideia de filmes que abordam ao seu modo a temática do homoerotismo pode-se apelar para álibis como: “Morte em Veneza” (1971) de Luchino Visconti é um filme sobre a busca inatingível do belo; “O Banquete de Casamento”( 1993) de Ang Lee é uma visão questionadora de laços de família; “Traídos Pelo Desejo” (1992) de Neil Jordan é uma obra sobre a persistência de caráter (no caso sob o signo de Escorpião); “Maurice” (1987) de James Ivory é um retrato do puritanismo e do preconceito; “Querelle”(1982) de Rainer Werner Fassbinder é um ritualístico jogo de transgressões e quebra de tabus; “A Faca na Água” (1962) de Roman Polanski é um singular retângulo amoroso (dois homens, uma mulher e uma faca....); “Priscila, a Rainha do Deserto”(1994) de Stephen Elliott é uma ode bem humorada à diversidade; “Da Vida das Marionetes” (1980) de Ingmar Bergman é um passeio em abismos da alma humana; “A Lei do Desejo” (1987) de Pedro Almodóvar é uma temporada no inferno do desejo; “Trinta Anos Esta Noite”(1963) de Louis Malle (um filme onde a sexualidade do protagonista é um mistério) é uma visão de uma situação limite que é o suicídio; “Deuses e Monstros” (1988) de Bill Condon é um retrato dos fantasmas da solidão na velhice; “Pacto Sinistro” (1951) de Alfred Hitchcock é uma história de obsessão psicótica; “As Lágrimas Amargas de Petra Von Kant”(1972) é um agudo diagnóstico sobre o poder corruptivo do dinheiro; “Plata Quemada” (2000) de Marcelo Piñeiro é uma visão radical da marginalidade; “Memórias de um Espião”(1984) de Marek Kanievska é uma história suis generis de vingança; “O Beijo da Mulher Aranha”(1985) de Hector Babenco é uma celebração do poder da imaginação e da solidariedade ; “Madame Satã”(2002) de Karim Aïnouz é uma poética apreensão das cicatrizes da exclusão; “Aimée e Jaguar”¨(1999) de Max Faberbock é um cântico do sacrifício humano; “Mulheres Apaixonadas”(1970) de Ken Russell é um irônico inventário da alienação que as mulheres podem ter em relação aos mais íntimos sentimentos dos homens; “Coronel Redl”(1985) de István Szabó é uma obra sobre a ruína humana em pactos mefistofélicos; “Festim Diabólico”(1948) de Alfred Hitchcock é um suspense com condimentos da perversidade reativa de minorias discriminadas; “O Pecado de Todos Nós”(1967) de John Houston é um painel de desejos subterrâneos num ambiente tradicionalmente machista (que é o militar), etc... etc... Mas com “Brokeback Mountain” não tem jeito, pois temos aqui um close temático muito forte: UMA GRANDE HISTÓRIA DE AMOR ENTRE DOIS HOMENS!
Agora que vivemos a síndrome da crítica fácil a qualquer vestígio de “correção política” fica temeroso lembrar que naquela sociedade de Wyoming, tanto Jack quanto Ennis são de certo modo párias, que vivem de subempregos. O trabalho que os caubóis arrumam como pastores de ovelhas não passa disso. Ennis irá depois trabalhar numa fazenda que não é dele e para a qual tem às vezes de correr, deixando até, apressadamente, os filhos com a mulher que trabalha num supermercado. Jack depois de ganhar uns trocados como peão de rodeios acaba num quase que “golpe do baú”: casa-se com uma mulher rica e argentária, com a qual se relaciona sexualmente com a mesma emoção como se estivesse conversando por telefone, segundo suas próprias palavras. É bom reiterar que fossem outras as condições econômicas dos personagens, eles poderiam com o tempo escapulir daquela arapuca hiper conservadora do Wyoming e procurar sua “Brokeback Mountain” no dia a dia vivido em regiões de mentalidades tolerantes (ou menos intolerantes), pois se passam vinte anos desde que se conheceram em 1963, o que não significaria nenhum mar de rosas, mas inegavelmente uma sensível melhora.
Há quem considere “Capote” (EUA/2006) de Bennett Miller, um filme muito mais importante para os que querem ver o movimento gay avançar, pois Truman Capote (Philiph Seymour Hofman, em extraordinário desempenho) é mostrado com toda sua exuberância intelectual e o fato de ser gay acaba não tendo importância, o que em “Brokeback Mountain” é fundamental. Nada mais falacioso. Capote nos é mostrado como um gay um tanto perverso, sibilino, melífluo, capaz de camuflar sentimentos sórdidos com ar de candura para conseguir seus objetivos, ainda que estes consistam em construir uma obra de arte definitiva. Sua homossexualidade não nos é mais mostrada, por pudor e estratégia do roteiro, mas fica no ar se a identificação de Truman com o criminoso Perry é apenas uma questão de que eles tiveram infância e adolescência com dissabores análogos, pois “os dois nasceram na mesma casa, mas enquanto Truman saiu pela porta da frente, Perry saiu pela porta dos fundos”...ou se há realmente uma atração homoerótica entre os dois. Os caubóis, entretanto, com seu amor genuíno, ainda que desprovidos de um aparato intelectual que seja invejável, vivem uma emoção intensa que talvez o auto-destrutivo Capote nunca tenha experimentado. Desnecessário então concluir que personagens têm mais a dizer às questões que os movimentos gays têm levantando mundo afora...
“Brokeback Mountain” está longe de ser um western tradicional, mas no plano simbólico (com as vestimentas que os personagens utilizam, a exploração das paisagens em grandes panorâmicas, o registro de uma região onde leis do desejo podem ser “fora-da-lei” hegemônica, onde o outro que incomoda pode ser eliminado com a mesma crueldade com que um olhar atravessado num saloon já provoca um tiro na cara, conforme visto em alguns faroestes, etc.) não deixa também de ser western. O mito do caubói machão já foi desconstruído de forma sutil em alguns westerns. Mas insinuações como “mostra o seu revólver que eu mostro o meu” é uma brincadeira perto do que vemos em “Brokeback Mountain”. Assim se a expressão “western gay” não nos ajuda a entender de imediato o filme, pois ele é muito mais complexo do que isso, não deixa de ser uma síntese interessante: não é nenhum absurdo.
Há quem considere uma “patada de elefante” a cena em que Ennis se esforça para fazer sexo anal com a esposa. Mas o que está em jogo aqui é a necessidade que Ennis passa a ter de reviver, ainda que de forma quase que patética, os jogos amorosos que manteve com o parceiro na temporada de trabalho na montanha. Não se trata então de falta de sutileza, mas de uma construção visual de um estado de espírito. Mas será que há papéis sexuais de “ativo” e “passivo” já definidos para toda as temporadas na montanha durante anos? O que sabemos das relações íntimas dos dois neste período todo, depois da explicitação dos contatos iniciais? Nada. Desta forma quando Ennis ao final coloca sua camisa sobre o casaco do parceiro num cabide no guarda-roupa não está reiterando, de forma machista, que ele foi sempre o “ativo” da relação, conforme já especularam. Quando ele diz “eu prometo..” e interrompe a fala, pode estar querendo dizer, é que tem sim “um projeto de vida”: guardar eternamente dentro de si a memória dos momentos felizes que viveram na montanha. Não é simplesmente um casaco que está sendo coberto por uma camisa. É um ser que de uma forma desesperadamente doce tenta reter para si (o casaco coberto, simbolicamente, é o outro que morreu), o que lhe deu sentido à existência. Não foi um amor vivido com a plenitude que poderia ter tido, mas foi um sentimento que ainda preencherá o restante de seus dias. O livro que Jack Twist escreveu no coração de Ennis é uma obra-prima que poderá salvá-lo da autodestruição. A fortuna existencial de Ennis é muito mais poderosa que a atingida pelo aclamado Capote com o sucesso de “A Sangue Frio” e sua consequente auto-dissipação. Capote começa a morrer quando o criminoso Perry é enforcado. Ennis tem na recordação proustiana dos momentos felizes que viveram na montanha, uma possível alavanca para o enfrentamento dos segundos, minutos, horas, dias, anos da “vida que segue”...
De acordo com a matéria “Conservadores americanos queixam-se de guinada à esquerda do Oscar” (AFP-7/03/2006) temos:
"Syriana - A Indústria do Petróleo"(2005) de Stephen Gaghan, filme que rendeu a Clooney o Oscar e que critica as corporações e a intrincada geopolítica do petróleo, não foi precisamente o que mais causou escândalo nos rincões dos Estados Unidos. Esta honra correspondeu a " Brokeback Mountain", sobre o amor homossexual entre dois caubóis.
Segundo os conservadores, esta é uma história que os americanos do centro do país provavelmente nunca chegarão a ver.”
"Não acho que os Estados Unidos estejam prontos para uma história de amor como esta", disse na época Peter Sprigg, vice-presidente de política do FRC (Conselho de Investigação Familiar) ao jornal Los Angeles Times.”
Num país em que cenas de violências explícitas no cinema sempre foram muito mais filmadas sem pudor e toleradas do que cenas de sexo (como é puritano o considerado tórrido “Corpos Ardentes” (1981) de Lawrence Kasdan!; neste sentido o cinema brasileiro mesmo com muitas vulgaridades, dá um banho no cinema americano) não é surpreendente que um filme que nos mostra homens viris em ato de sodomia, se beijando e com olhares e gestos de carinho (sendo que as cenas de violência são mostradas de forma elíptica), tenha assustado mais Hollywood e os acadêmicos que deram o prêmio de melhor filme a “Crash-No Limite”, onde há roubos, assassinatos, explosões de carro, acidentes, racismos de todos os matizes e etnias, constrangimentos psicológicos e onde a cena erótica mais ousada é uma apalpadela safada que um policial branco (que depois se mostrará um filho dedicado ao pai doente) faz numa revista a uma negra na presença do marido, suspeitos de um assalto (mais tarde este policial se redimirá salvando esta mulher de um acidente...)....Não se trata aqui de querer dar mais importância ao Oscar do que ele tem e mereceria, mas um filme distribuído mundialmente com a chancela de ”Oscar de Melhor Filme de 2005”, num mundo onde a homofobia grassa como uma pestilência, com a força e comunicabilidade que Ang Lee atinge em seu apogeu até aqui, seria muito bem vindo. Autoridades chinesas sinalizaram que não aprovarão a exibição do filme neste país que tem causado inveja pelas suas altas taxas de crescimento econômico, mas cuja mentalidade autoritária criada por uma gerontocracia, trata seus cidadãos como crianças. Mas os DVDs piratas pululam por lá. Há muita vida ainda latejando “do outro lado da cidade proibida”...
Não há saída para os movimentos de emancipações dos grupos GLBTQIPA+ do que a antropofagia oswaldiana: “comer o que vem de fora”, “mastigar” e devolver uma coisa nova. Noutras palavras: “corroer o sistema por dentro”. Uma operação arriscada sem dúvida. Mas é a única que nos permite sair da inação e do desespero. Ganhar o Oscar principal e usufruir de seu prestígio não seria uma atitude cínica, mas sim um ato legítimo de luta. Não veio. Paciência. Combateremos nem que seja nas sombras, como os heróis de “Spartacus”(1960) de Stanley Kubrick.
Histórias de gays em que a felicidade “corre solta” também podem ser criadas. Mas tem de ter um trabalho de dramaturgia muito poderoso por trás, pois não há obra de arte sem conflitos. A realidade, entretanto, teima em conspirar contra estas histórias coloridas conforme se pode depreender das notícias sobre violência homofóbica, seja contra militantes gays em Curitiba (com descaso e mais violência da polícia), o assassinato por um bando facínora de um gay de 14 anos em São Gonçalo, espancado até a morte, dentre vários casos que podem ser enumerados, nos imprimindo o desconfortável sentimento de que “o Wyoming é aqui e agora”...
Para os que porventura desconfiem que eu esteja “legislando em causa própria”, lembro que gosto muito de todos os filmes citados, principalmente as obras-primas “Morte em Veneza” e “Mulheres Apaixonadas” (esta adaptação sensacional de Ken Russel para o cinema do romance homônimo de D.H.Lawrence é o filme com maior tensão (homo) erótica que já assisti), mas ainda que não seja um espectador exemplar das Mostras Mundo Gay do Festival do Rio de Janeiro tinha e da Mostra da Diversidade Sexual (Mundo Mix), organizada por André Fisher anualmente, quando chegava ao Rio de Janeiro atrevo-me a dizer que, do que tenho visto, pouco tem me agradado. Ainda que tematicamente muitos deles sejam atraentes, os roteiros são precários e em termos estéticos propriamente ditos deixam muito a desejar*. Daí o espanto e o prazer quando surge uma obra como “Brokeback Mountain”, com sua pujança em todos os níveis e com uma aura de filme alternativo mainstream. Biscoito finíssimo para as massas. Aleluia!
Brokeback Mountain ganhou todos os principais prêmios da temporada começando pelo Leão de Ouro em Veneza, depois de Associação de Produtores. de Roteiristas, Globo de Ouro, Bafta´, Associações de Críticos. Só não caiu nas graças do Sindicato dos Atores e estes foram decisivos para um dos maiores absurdos do Oscar : Melhor Filme para “Crash-No Limite” de Paul Haggis, um filme coral meia boca, deixando um Oscar de Melhor Direção para Ang Lee, como consolo.
Ps. Este texto foi publicado originalmente no jornal eletrônico Montblãat, sendo feito então correções, cortes e acréscimos.
* Na época de Brokeback Mountain foram exibidos dois filmes do selo Festival Filmes que tratam de diferentes formas da questão homossexuais X adoção&convivência com menores de idade. Tanto “De Repente, Califórnia” (EUA/2007) de Jonah Markowitz, exibido em 2009, como “Patrik 1.5” (Suécia/2008) de Ella Lemhagen, exibido em 2010, são filmes descolados que tratam as relações homoeróticas de frente, sem culpas, apresentando argumentos interessantes. O problema é que estes filmes passam pelos conflitos envolvidos como quem anda rápido pelas brasas, ou seja, há uma decepcionante e redutora simplificação e as coisas se acertam de forma previsível e um tanto sem graça. Filmes como estes reforçam a excepcionalidade do trabalho de Ang Lee em “Brokeback Mountain” no que diz respeito a homoerotismo no cinema.